Solo de sabores consagrados, a capital mineira guarda boas surpresas para quem a visita.
Por Fabíola Musarra
Aos pés da mineira Serra do Curral, Belo Horizonte não é apenas uma imponente metrópole. É também uma vibrante capital que guarda cantos, cores e encantos únicos. É arborizada e suas praças e ruas estão repletas de obras de Oscar Niemeyer e jardins de Burle Marx. Exibem ainda suntuosos palácios do século 19 ao mesmo tempo em que a vida, frenética, borbulha em suas esquinas e em seus cafés, bares, restaurantes, mercados, centros culturais…
Beagá ou Belô, como a capital mineira também é chamada, não é apenas o lugar onde vivem quase três milhões de pessoas. É o berço de clássicos da literatura brasileira como dos escritores Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Fernando Sabino, e de músicos como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes. Das bandas Skank e Sepultura. Da Orquestra Filarmônica de Minas.
Fundada em 1897, a primeira capital planejada do Brasil tem avenidas largas. As principais delas são a do Contorno (circunda a cidade), a Afonso Pena (liga o centro a Mangabeiras), a Cristiano Machado (dá acesso ao Aeroporto de Confins) e a Antônio Carlos (vai do centro a Pampulha). Nos anos 1960, quando o então prefeito Juscelino Kubitschek mandou construir esta última, ele foi duramente criticado pelos jornalistas, que diziam que a obra ligava nada a lugar algum. Estavam enganados!
Sinuosa e com incessantes sobes e desces, Beagá possui um eficaz sistema de transporte público – embora o Metrô não conduza a muitos pontos turísticos, a cidade tem linhas de ônibus e táxis para dar e vender, além do Bus Rapid Transit (BRT). Em seu vaivém, o veículo em poucos minutos conduz os passageiros a bairros capital e a outros de alguns municípios da Região Metropolitana.
Cidade onde os sabores são valorizados – a cozinha mineira é consagrada internacionalmente. Frango com quiabo, feijão tropeiro, tutu de feijão, leitão à pururuca. Queijo e goiabada cascão, pão de queijo e geleias, como a de laranja com especiarias, da Expressar Gourmet. Essa geleia ganhou destaque no Marmelade Awards, competição realizada em Perith, Cumbria, no Norte da Inglaterra, que reuniu mais três mil potes de pequenos produtores de mais de 30 países.
Terra de verso e de prosa. De “causos” contados no idioma mineirês, no qual prevalece a economia das letras e de sílabas. Saudades de você, por exemplo, vira “saudôcê”. Casa de Vô, “cadivó”. Nossa senhora, “nuu”. Tem ainda o “curuis” (cruzes), o “pocaso” (indiferença) e o “mió do mundo”. Uai, sô! O “trem bão” é gostoso de ouvir.
Para acompanhar o “dediprosa”, nada melhor que as cervejas artesanais e as cachaças, estas últimas premiadíssimas no Exterior. Eleita em 2019 como Cidade Criativa da Unesco pela gastronomia, Belô é também a cidade dos botecos. Os belo-horizontinos não vivem sem eles. Nos finais de tarde, mesmo às segundas-feiras, saem do trabalho e correm para um dos milhares de bares que habitam a capital mineira, sobretudo os situados nos bairros de Lourdes, Savassi, Funcionários e Santo Antônio.
É a vida que segue e pulsa nessa capital tão conhecida por sua boêmia, mesmo em tempos de Covid. Depois de ter vivido meses difíceis, os serviços e as atrações turísticas aos poucos voltam a funcionar na cidade, seguindo os protocolos determinados pela Secretaria Municipal de Saúde, como o uso obrigatório de máscara e do álcool em gel e a aferição da temperatura. Então, um lembrete: antes de ir a qualquer lugar, se informe bem, pois tudo em Belô ainda está funcionando com restrição de horários e com a capacidade de público reduzida.
Patrimônio Histórico – Visitar Belo Horizonte e não ter um tempo livre para ir conhecer o Complexo Paisagístico e Arquitetônico da Pampulha é como viajar a Roma e não ver o papa. Patrimônio Histórico Nacional desde 1984, o complexo é integrado pela Igreja de São Francisco de Assis, pela Casa do Baile, pelo Iate Tênis Clube e pelo Museu de Arte da Pampulha.
Erguido ao redor de uma lagoa artificial e distante 15 minutos do centro, o conjunto foi encomendado pelo então prefeito Juscelino Kubitschek a Oscar Niemeyer, quando o arquiteto ainda era um simples mortal desconhecido. A ideia era a modernização arquitetônica de Belo Horizonte e Niemeyer contou com os projetos estruturais do engenheiro Joaquim Cardozo.
A construção da Pampulha demorou de 1940 a 1943, época em que Brasília nem sonhava em existir – o Distrito Federal somente seria fundado em 1960. Posteriormente, além das construções originais, outras atrações foram incorporadas ao conjunto, como o Estádio do Mineirão, o Ginásio do Mineirinho e a Fundação Zoobotânica, composta pelo Jardim Botânico, Zoológico e Parque Ecológico da Pampulha.
Inaugurado em 1942, o museu foi a primeiro a ser construído. Foi projetado por Niemeyer para ser um cassino, mas, com a proibição dos jogos de azar no Brasil, foi fechado em 1962. Transformado em museu em 1957, tem um acervo de arte contemporânea com cerca de mil obras, entre pinturas, gravuras e esculturas, de artistas como Mabe, Di Cavalcanti e Guinard.
Também conhecido como Palácio de Cristal, o museu tem fachada inspirada em conceitos de Le Cobisier, renomado arquiteto suíço naturalizado francês, e jardins projetados pelo paisagista Burle Marx. Nele estão distribuídas esculturas de Alfredo Ceschiatti, Zamoiski e José Pedroso. No momento, está em reforma e, por enquanto, permanece fechado à visitação.
De todas as obras, a Igrejinha de São Francisco é a que mais chama a atenção. Com um visual nada parecido com o das igrejas convencionais (só foi reconhecida como templo pela Igreja Católica em 1959), exibe as linhas vanguardistas de Oscar Niemeyer e é abraçada pelo paisagismo de Burle Marx. Em seu interior, 14 painéis em têmpera sobre madeira assinados por Portinari descrevem a Via Sacra.
Atrás do altar, uma pintura retrata cenas da vida do Santo Protetor dos Animais. A escultura em bronze do batistério é de Ceschiatti. Em arcos de uma das paredes externas está uma composição de desenhos abstratos em pastilha criada por Paulo Werneck. Tombada pelo patrimônio histórico em 1947, a igreja ainda agora reúne fiéis para assistir missas.
A poesia da pequenina igreja não está apenas nas curvas em concreto projetadas por Niemeyer. Nem só nos azulejos azuis e brancos pintados por Portinari em uma das laterais externas da nave, representando a vida de São Francisco. Do lado de fora, flores coloridas, árvores centenárias e jardins de diferentes tons de verde emolduram a lateral de vidro da capela, compondo, ao lado da lagoa, uma paisagem de beleza indescritível.
Também a Casa do Baile é fascinante. Pequenino, o antigo salão de dança era o lugar onde eram realizados shows e bailes. Hoje, é um espaço direcionado à arquitetura, ao urbanismo e ao design, com exposições frequentes sobre esses temas. Com jardim de Burle Marx, a casa exibe arquitetura com curvas sinuosas, incluindo a da marquise, que acaba se integrando às margens da lagoa. Depois ter sido transformada em depósito da Prefeitura e abrigo para moradores de rua, a casa foi revitalizada em 2002.
É clara e bem iluminada graças a uma parede de vidro. Infelizmente, em seu interior, uma parede merecia mais atenção das autoridades quanto à preservação do passado recente do País. Nela está um painel assinado pelo próprio Niemeyer com uma linha do tempo praticamente apagada. Se nada for feito, em breve, ela não poderá mais ser lida.
A linha começa com a data de 1940 e o desenho da Igreja da Pampulha, segue com a frase “Todos contra Bush” e termina com um monumento do MST, seguido da afirmação “A terra é de todos”. De ponta a ponta desse grande painel de 2003, o texto escrito por Niemeyer conta: “Pampulha foi o início de Brasília. Os mesmos problemas, a mesma correria, o mesmo entusiasmo. E seu êxito influiu, com certeza, na determinação com que Juscelino Kubitschek construiu a nova capital”.
Com jardins de Burle Marx, o Iate Tênis Clube, chamado inicialmente de Iate Golf Club, tem cinco salões com vista para a lagoa. Em um deles, o destaque é o “Espantalho”, tela de 3 por 3 metros de Portinari, de 1941, e “O Esporte”, painel de 7,5 por 2,5 metros de Burle Marx, de 1943. O clube é particular. Portanto, para conhecê-lo é preciso pedir autorização.
Hummm! Quanta delícia – Próximo ao complexo da Pampulha fica o Mineirão, aquele mesmo onde o Brasil perdeu de 7 a 1 da Alemanha na Copa do Mundo de 2014. Além das partidas de futebol, o estádio oferece visitas guiadas, nas quais é possível conhecer o campo, os vestiários e as salas de troféus, de imprensa e de aquecimento dos jogadores. Tem capacidade para 71 mil pessoas, foi inaugurado em 1965.
O Mineirão abriga o Museu Brasileiro do Futebol, com acervo focado na história dos times brasileiros, sobretudo nos mineiros. Inaugurado em 2013, promove exposições sobre o esporte. Em suas salas, é possível conhecer a história do futebol, desde o jogo de bola na China Antiga, passando pelo Football na Inglaterra, até a sua chegada ao Brasil. Também a trajetória do estádio mineiro, dos clássicos e as placas em bronze com os pés e mãos de ídolos ali estão representados.
Saindo da Pampulha para o centro chega-se à Cantina do Lucas, no histórico Edifício Maletta, prédio onde foi instalada a primeira escada rolante da cidade. Patrimônio cultural de Beagá desde 1997, a casa foi fundada em 1962 e tem gastronomia impecável e uma carta de vinhos da melhor qualidade. Reduto de intelectuais, artistas e formadores de opiniões, é também um símbolo de resistência à ditadura no Brasil.
Conta-se que nos anos mais duros do regime militar o pessoal que ali trabalhava criou um código para driblar os militares. Quando eles estavam na cantina e entrava um militante da esquerda, um estudante ou alguém contra o governo, os garçons já o informavam que naquele dia o “Filé a Cubana” tinha acabado. Com isso, a pessoa já era avisada que não deveria falar nada sobre política, para não ser presa.
A cantina ainda hoje serve esse prato, mas, agora, sem a pesada conotação política do regime militar, quando recebia os que se sentiam atordoados pelas ditaduras na América Latina, quando partidos políticos ou sindicatos pouco valiam e era no bar que as pessoas se encontram para conversar, rir e até mesmo planejar a queda do governo.
Ao lado do “Filé a Cubana”, o tradicional e sempre renovado cardápio da casa exibe delícias como o “Filé Surprise”, com arroz à piamontese (molho branco, parmesão, champignon e arroz branco), filé à milanesa recheado com presunto e muçarela, banana à milanesa, batata frita e dois ovos fritos. Há, ainda, a “Costelinha à Mineira” e muitas outras delícias preparadas artesanalmente e com produtos fresquinhos.
Ainda no centro fica o Mercado Central, com cerca de 430 lojas, muitas delas de pura gostosura. São frutas, legumes, carnes, queijos, cachaças, doces, utensílios domésticos, raízes e ervas, berrantes e até passarinhos e animais exóticos, além de lojas de roupas, acessórios, cafés, pastelarias, barbearias e capela.
Distribuídos pelos seus oito corredores temáticos também estão bares. Afinal, o pessoal de lá não vive sem eles. O Bar da Lora é um exemplo. É famoso pelo bife de fígado com jiló, servido com uma cerveja geladíssima. Para quem não bebe, há a Tradicional Limonada (loja 355). O mercado faz visitas guiadas que devem ser agendadas.
Outro point do centro que vem ganhando espaço na cena alternativa de Belo Horizonte é o Mercado Novo (de novo só tem o nome, pois fundado em 1963), um antigo e grande prédio com ar de abandonado. No primeiro andar funcionam sebos, gráficas, lojas de instrumentos musicais e outros serviços, enquanto no segundo andar estão concentrados lojas e cafés, bares e restaurantes, com petiscos e pratos tentadores.
Na Ortiz Pão Molhado, por exemplo, é possível experimentar o guaraná Príncipe Negro, acompanhado por sanduíches como o de pernil, o de almôndegas e o vegetariano, todos preparados com molhos “bem molhados” com tempero e gostinho de comida de vó. Essa mesma característica tem o Cozinha da Vó Anna, com massas e molhos bem caseiros que unem divinamente os sabores da Itália e de Minas.
Já a Cervejaria Viela é o endereço ideal para os apreciadores de cervejas artesanais, enquanto a Lamparina Cachaçaria oferece o melhor da “branquinha”. Para selecionar as melhores marcas, os sócios Guilherme Costa e Thales Campomizzi viajaram mais de cinco mil quilômetros pelo Interior de Minas, conhecendo as cachaças e os produtores.
A Lamparina tem o conceito de um empório antigo, com grande e centenário balcão. Nele, além da caipirinha e do rabo de galo, são servidas a tradicional Cachaça Século 18 de Coronel Xavier Chaves e a premiada Cachaça Tiê, que saiu de Aiuruoca para o mundo, além de drinques com nomes criativos. Também vende garrafas da bebida com embalagem exclusiva para presente.
Se o assunto é comprar mimos, a Made in Beagá é uma opção. Na loja são vendidas lembrancinhas, como painéis com frases em mineirês, agendas, cadernos, camisetas, bijuterias. Para quem procura algo mais transado, o Centro de Artesanato Mineiro é uma opção. Reúne peças de diferentes regiões de Minas, como cerâmicas de Jequitinhonha, imagens sacras e objetos utilitários, como bules e xícaras. Fica no centro, ao lado do Parque Municipal e de Palácio das Artes, um espaço gigantesco onde são realizados shows musicais e de dança, exposições, peças teatrais e mostras de cinema.
O atual e a tradição – Espaço descolado e moderno onde o ponto alto é o sabor é o Querida Jacinta. Comandado por Sheila Monagene, o bar, restaurante e cervejaria funciona em um galpão com decoração alegre e criativa. Claraboias iluminam o espaço rústico-contemporâneo, que também é o endereço de happy hours embalados sempre por gente bonita, música ao vivo, cervejas artesanais, drinques e petiscos.
No menu, comidinhas e pratos elaborados a partir da releitura de clássicos mineiros. Destaque para a coxinha de creme (coxa inteira de frango coberta com massa de batata e abóbora e para o Arroz de Costela (arroz feito com bacon, linguiça e costela, servido com couve refogada, ovo frito e banana grelhada). Também oferece opções veganas e vegetarianas, além de sobremesas e café.
Já tradição é o que não falta no Maria das Tranças, onde os pratos têm o Selo Jk – Juscelino Kubitschek era um assíduo frequentador dessa antiga casa de fazenda fundada em 1950 por Maria Clara, cujas tranças batizaram posteriormente o restaurante (chamava-se Bolero). Ele passou de geração a geração e hoje está a cargo de Ricardo Rodrigues, neto de Maria Clara.
Com receitas da avó seguidas à risca, a casa tem como carro-chefe o Frango ao Molho Pardo, servido com angu, quiabo e arroz. O frango é abatido em um espaço no próprio restaurante, “para garantir uma carne fresca e um sabor incomparável”, diz o proprietário. Do cardápio também constam Cabidela da Vovô (feito com galinha de Angola), feijoada, feijão tropeiro, carnes, massas, porções e sobremesas.
Outra parada obrigatória em Belô é a esquina das ruas Divinópolis com Paraisópolis, em Santa Tereza. Foi ali que “nasceu” o Clube da Esquina, um dos mais emblemáticos movimentos da música popular brasileira. Visitar o bar é reviver a história dos jovens músicos e o melhor: ter a real possibilidade de ouvir um deles. Com exceção de Milton, todos os artistas que fizeram parte do grupo mineiro já deram uma canja na casa.
O tom básico do bar é o repertório do Clube da Esquina, mas ali também se apresentam artistas de diferentes vertentes, do jazz e rock ao samba raiz e rap – a programação musical é disponibilizada todas as segundas-feiras no site da casa. Todos os seus espaços têm ligação com o grupo, tanto a decoração dos ambientes inferiores quanto a do museu, no andar de cima. São fotografias, capas de discos, bilhetes… Na varanda, é possível ler uma carta de Milton Nascimento para Márcio Borges.
Também o cardápio é uma homenagem ao Clube da Esquina: os pratos e drinques recebem nomes de canções deles. Do menu consta petiscos como “A La Bituca” (pasteis de angu) e “Espanhola” (croquetes de calabresa com pimenta biquinho), por exemplo. Para quem tem mais apetite, há alternativas como o “Trem Azul” (filé mignon ao molho de gorgonzola), o “Um Gosto de Sol” (risoto de abóbora e carne seca) e o “Amor de Índio” (galinhada com pequi).
Para beber uma caipirinha, é só pedir “Coração Brasileiro”. Se a opção for caipivodka: “Nada Será Como Antes”. Há, ainda, o “Anjo Bom”, um drinque sem álcool feito com morango e sucos de laranja, abacaxi e limão. Para quem quer finalizar a noite docemente tem o “Paula e Bebeto” (queijo com goiabada) e outras sobremesas.
Agora, se o assunto for apenas petiscar, a dica é A Pão de Queijaria e a Passeli Boulangerie. A primeira foi consagrada como o melhor pão de queijo de Belo Horizonte pelo guia Comer & Beber da Revista Veja. Não à toa. Na casa, o mais tradicional quitute mineiro ganha versões inovadoras, preparadas com diferentes tipos de queijo, como o da canastra, o gruyère e o parmesão.
O pão de queijo também é adicionado em sanduíches e em sobremesas da casa, que tem mesinhas na calçada e serve café, sucos e cervejas. Também a Passeli Boulangerie serve variados tipos de pães doces e salgados, feitos artesanalmente com fermentação natural. O espaço ao ar livre é intimista e acolhedor. Tem iluminação e jardim bucólicos, onde estão rústicas mesas de madeira cobertas por telhados.
Liberdade, liberdade – Minas Gerais guarda importantes capítulos da História do Brasil. É o berço de Tiradentes e de políticos como os ex-presidentes da República, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves. Belo Horizonte faz parte dessa trajetória. Foi planejada para ser a nova capital do Estado, substituindo Ouro Preto, que, com seus casarões e ladeiras, ficou pequena demais para suportar tanto movimento.
A capital mineira “nasceu” aos pés da Serra do Curral, em 1897, no lugar onde antes existia o povoado Curral del Rey. Passados 124 anos de sua fundação, ainda preserva traços de seu passado. A Praça da Liberdade é testemunha disso. Localizada em Savassi, é perfeita para fazer uma caminhada observando os jardins repletos de palmeiras imperiais, flores, monumentos, fontes e coreto.
Ao redor da praça estão casarões neoclássicos do final do século 19, a maioria deles ocupada por secretárias do Estado ou transformada em museu. Ali ficam o Palácio Imperial, o Memorial Minas Gerais Vale, o Museu Mineiro e o Centro Cultural Banco do Brasil, só para citar alguns.
Projetado pelo arquiteto José de Magalhães no século 19 para ser sede do governo estadual, o Palácio Imperial é luxuoso. Tem uma lindíssima escada belga art noveau com degraus cobertos por tapete vermelho, lustre de cristal theco, pinturas, obras de arte orientais e móveis folheados a ouro, alguns deles de época em estilo Luís 15.
Sua fachada abriga um busto representando a liberdade, enquanto os seus jardins guardam um quiosque, um orquidário e um busto em bronze de Tiradentes, de Bruno Giorgi. Já o Centro Cultural do Banco do Brasil tem 12 salas compondo a Galeria de Exposições, duas delas exibem o acervo permanente do espaço. São móveis e objetos antigos que remetem à história do edifício e da capital mineira.
Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, o Memorial Minas Gerais Vale funciona no antigo prédio da Secretaria da Fazenda de 1897, sendo uma das primeiras das construções da cidade. Com entrada gratuita, o prédio foi reformado e suas 31 salas interativas convidam o visitante a desvendar os costumes e as tradições mineiras, do século 18 aos dias atuais. É caracterizado como Museu da Experiência por intercalar cenários reais e virtuais de modo dinâmico. Realiza exposições temporárias.
Também instalado em um casarão do fim do século 19, o Museu Mineiro foi uma residência oficial transformada posteriormente em sede do Senado Mineiro, o Senadinho. Sua coleção é integrada por imagens sacras (algumas do barroco mineiro), objetos litúrgicos, moedas, armas, achados arqueológicos e mobiliário. São mais de 3.500 peças, incluindo o acervo da Pinacoteca do Estado, com obras do mestre Ataíde e de artistas como Volpi e Di Cavalcante.
Ao ar livre – No bairro das Mangabeiras, no final da Avenida Agulhas Negras e próxima à base da Serra do Curral, está a Praça Israel Pinheiro, mais conhecida como Praça do Papa, nome que se popularizou após o papa João Paulo II ter rezado uma missa lá em 1980. A mais de 1.100 m de altitude, proporciona uma vista cinematográfica, tanto da montanha quanto da capital mineira, sobretudo nos fins de tarde quando as luzes da cidade começam a acender.
Para quem pretende ficar mais tempo, vale a pena ir até Brumadinho. Situada a 60 km de Beagá, a cidade mineira é um refúgio e tanto para quem curte arte e natureza. Sua principal atração é o Instituto Inhotim, um complexo cultural em constante transformação. Com 100 hectares de área, concilia o maior centro de arte contemporânea a céu aberto do mundo a um fascinante jardim botânico.
Entre lagos e espécies tropicais raras estão as galerias de arte. Por isso, caminhar faz parte do programa. Mas é impossível conhecer tudo em um único dia. Então, programe-se para ficar na cidade. Brumadinho possui diversas opções de hospedagem, além de vários restaurantes e barzinhos. Para mais detalhes, acesse www.inhotim.org.br.
SERVIÇO
O que visitar
Complexo da Pampulha: Todo o conjunto fica na Av. Otacílio Negrão de Lima, na Pampulha, porém, em números diferentes. O museu está no número 16.585, tel. (31) 3277-7946, enquanto a Casa do Baile é nº 751, tel. (31) 3277-7443, e o Iate Tênis Clube, nº 1.350, tels. (31) 3441-3636/3443. Já a igrejinha é s/nº, tels. (31) 3427-1644/1700.
Mineirão: Av. Antônio Abrahão Caram, 1.001, Pampulha, tel. (31) 3499-1154.
Mercado Central: Av. Augusto de Lima, 744, centro, tels. (31) 3274-9497/9434.
Mercado Novo: Av. Olegário Maciel, 742, centro. Tem entrada também pela Rio Grande do Sul, 505, tel. (31) 3271-9078.
Orquestra Filarmônica de Minas – Sala Minas Gerais: Rua Tenente Brito Melo, 1.090, centro, tel. (31) 3219-9000.
Palácio das Artes e Centro de Artesanato Mineiro: Av. Afonso Pena, 1.537, centro, tels. (31) 3237-7399/7215/7301. O Palácio faz visitas guiadas, que têm de ser agendadas.
Bar do Museu do Clube da Esquina: Rua Paraisópolis, 738, Santa Tereza, tels. (31) 2512-5050 e (31) 9688-0558, site https://bardomuseuclubedaesquina.com.br.
Palácio da Liberdade: Praça da Liberdade, s/nº, Savassi, tel. (31) 3250-6249.
Memorial Minas Gerais Vale: Praça da Liberdade, 640, Savassi, tels. (31) 3308-4000 e (31) 3343-7317.
Centro Cultural do Banco do Brasil: Praça da Liberdade, 450, Savassi, tel. (31) 3431-9000.
Museu Mineiro: Av. João Pinheiro, 342, Savassi, tel. (31) 3269-1103.
Museu de Artes e Ofícios: Praça Rui Barbosa, centro, tel. (31) 3248-8600. Reúne objetos, roupas e maquinário de várias profissões, incluindo algumas que já não mais existem.
Museu Histórico Abílio Barreto: Av. Prudente de Morais, Cidade Jardim, tel. (31) 3277-8572. Preserva o antigo casarão com paredes de taipa de uma fazenda que sobreviveu à construção da cidade, além de um bonde e de uma locomotiva.
Onde comer:
Cantina do Lucas: Rua Augusto de Lima, 233, loja 18/19, centro, tel. (31) 3226-7153.
Querida Jacinta: Rua Grão Para, 185, Santa Efigênia, tel. (31) 97116-2900.
Maria das Tranças: Rua Estoril, 938, São Francisco, tel. (31) 3441-3708.
A Pão de Queijaria: Rua Antônio de Albuquerque, 856, Funcionários, tel. (31) 2512-6360.
Passeli Boulangerie: Av. Fleming, 417, Ouro Preto, tels. (31) 99791-8239 e (31) 99957-9106.
Living Heineken: funciona 24 horas no Aeroporto Internacional de Confins. Distante 36 quilômetros de Belo Horizonte, o bar e restaurante serve pratos da gastronomia mineira e holandesa, além das cervejas da marca. Rodovia LMG, km 7,9 s/nº, Confins.
Onde ficar:
Belo Horizonte Plaza (www.bhplaza.com.br), Tryp BH Savassi: www.trypbhsavassi.com.br.
Novotel BH Savassi (https://all.accor.com/hotel/8754/index.pt-br.shtml), Holiday Inn Belo Horizonte (www.holidayinn.com) e Ouro Minas Palace (www.ourominas.com.br).
Crédito da abertura do texto: Praça da Liberdade em Belo Horizonte. Foto: SMR Advogados
*A jornalista Fabíola Musarra viajou à capital mineira a convite da Campanha de Retomada para o Turismo em Belo Horizonte – #VEMPRABH.