No Oeste do Pará, Santarém guarda segredos e seduz com seus encantos

 

Terceira mais populosa do Estado, a cidade de aproximadamente 350 mil habitantes tem seus próprios enigmas, reservando surpresas a quem vai conhecê-la de perto.

Alter do Chão - Vista aérea parcial - Web - Foto Adrio Denner e AD´Produções.jpgVista aérea parcial da Ilha do Amor em Alter do Chão. Foto: Adrio Denner/ADProduções

 

Por Fabíola Musarra

 

Santarém é uma cidade intrigante. Se fosse uma mulher, eu diria que ela, com todos os seus contrastes, guarda segredos e fascínios únicos. Para desvendá-los, só mesmo pessoalmente. O mais sedutor deles: o encontro do azulzinho Tapajós com o marrom barrento do Amazonas, rios que correm paralelos sem se misturar ao longo de alguns quilômetros da orla fluvial da cidade e que fazem parte de sua paisagem urbana. Quem mora lá, não dá muita importância. Mas, a beleza cinematográfica deste cantinho santareno hipnotiza qualquer visitante.

Encontro dos riosTapajós com o Amazonas - WebAo fundo, o encontro do azulzinho Tapajós com o marrom barrento do Amazonas visto do alto da Praça Fortaleza do Tapajós. Foto: Fabíola Musarra

 

A mesma avenida banhada pelo Rio Tapajós, ao lado da central Praça Barão de Santarém, abriga o Centro Cultural João Fona, também conhecido como Museu de Santarém, que resgata a história da cidade desde a sua criação até os dias atuais. Sua construção começou em 1853, sendo concluída em 1867. Foi inaugurado no ano seguinte pelo engenheiro Marcos Pereira. Ao longo dos anos, o casarão em estilo colonial abrigou a Câmara Municipal, a Prefeitura, o Fórum de Justiça e a Cadeia Pública. É uma das construções mais antigas da cidade.

Museu de Santarém - Rodrigo Cruzatti Wikimedia CommonsFachada do Museu de Santarém, atual sede do Centro Cultural João Fona. Foto: Rodrigo Cruzatti/Wikimedia Commons

 

Desde 1991, é a sede do Centro Cultural João Fona. Em seu interior, é possível desbravar um valioso tesouro de Santarém, desde peixes fossilizados, restos de sambaquis e objetos (e fragmentos deles) de cerâmica de diferentes etapas da cultura tapajônica até peças do artesanato indígena de tribos que primitivamente povoaram a região e utensílios usados para castigar os escravos.

Entre outros itens, seu acervo também reúne esculturas em madeira, fotografias, jornais, livros e coleção de moedas de diferentes períodos históricos, além de móveis que pertenceram aos antigos Fórum de Justiça (o Salão do Júri ainda está lá, intacto) e Câmara Municipal. Há, ainda, exposições de artistas contemporâneos e uma ala inteiramente dedicada ao Festival do Çairé, um dos mais emblemáticos da Região Norte do Brasil.

Praça Mirante do Tapajós recém-batizada como Fortaleza do TapajósA fortaleza construída entre os séculos 17 e 18 ainda preserva os antigos canhões. Foto: Fabíola Musarra

 

À esquerda do centro cultural, você vai encontrar a Praça Mirante do Tapajós, recém-batizada como Fortaleza do Tapajós. Com canhões originais, a fortaleza, construída entre os séculos 17 e 18, foi erguida a mando de Portugal para defender o Brasil de invasões nos tempos de Colônia e Império. Ao término da praça há um mirante, de onde Santarém, com suas coloridas casas, embarcações e barzinhos à beira-rio exibe a sua beleza a perder de vista.

Nos fins de semana e feirados, o lugar é palco de música ao vivo. Sinônimo de paquera, fervilha de animação e transborda de gente bonita. Espaço democrático, o point da galera descolada também recebe dezenas de famílias com os seus pequenos à tiracolo. Ainda no centro, no sentido oposto ao mirante, está a Praça Monsenhor José Gregório, com a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira da cidade.

Matriz de Nossa Senhora da Conceição - Foto Ian Pereira - ebA matriz  guarda uma imagem da padroeira da cidade datada de 1759. Foto: Ian Pereira

 

Construída em 1761 em estilo colonial português, guarda uma imagem da padroeira de 1759, doada pelo então governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que visitou a região para definir os limites entre os territórios de Portugal e Espanha, segundo o Tratado de Madri. Atualmente, a construção mais antiga de Santarém está sendo restaurada – a igreja foi erguida próxima ao lugar onde ficava a capela de mesmo nome, feita em taipa em 1661, no então Largo do Pelourinho, no centro da antiga vila, a atual Praça Rodrigues Santos, a principal da cidade.

Praça Rodrigues Santos - Foto Espaço JamesPrincipal praça de Santarém, a Rodrigues Santos é também o berço onde a cidade nasceu. Foto: Espaço James

 

Originalmente, este espaço foi o centro de uma aldeia indígena. Chamava-se Ocara Açu, que significa praça principal. Após a catequização dos índios pelos jesuítas, foi rebatizada como Upana Ocara, que quer dizer Praça de Deus. Nomes e ocupações à parte, a praça é o berço onde nasceu e a partir do qual se desenvolveu Santarém. Nela, desembarcou o fundador da cidade, o padre João Felipe Bettendorf. Foi a seu mando que, anos depois, a primeira capela em homenagem à Nossa Senhora da Conceição foi erguida.

Museu de Arte Sacra - web

Anexo à Matriz, o Museu de História e Arte Sacra exibe aproximadamente 330 peças da arte religiosa de Santarém, entre imagens, quadros e indumentárias. Em frente à igreja, quiosques expõem peças do artesanato local. São redes, mantas, centros de mesa, cestarias, chapéus, biquínis… Nas imediações da praça, lojas de roupas femininas e masculinas fazem a festa de quem gosta de consumir.

Interior do Museu de Arte Sacra - Foto Ian Pereira - ebUm dos ambientes internos do Museu de História e Arte Sacra. Foto: Ian Pereira

 

Perto dali ficam o Cristo Rei – Centro de Artesanato do Tapajós e o Mercadão 2000. O primeiro é o endereço certo para quem deseja conhecer o trabalho de artesões de Santarém e de comunidades da região. Suas 15 lojas vendem desde cestarias, cerâmicas e muiraquitãs (símbolo de fertilidade e sorte) a licores, bombons e doces típicos, passando pelas cuias pintadas e bordadas à mão, consideradas patrimônio cultural do Pará. O espaço conta ainda com balcão de informações, sorveteria, lanchonete e caixas eletrônicos.

Artesanato -Cestaria em Espaço Cristo Rei - Santarém - Web

Já o mercado traduz em cores, perfumes, sabores e formas como vivem os santarenos. Em seu interior espalham-se barracas que comercializam de tudo, de peixes amazônicos usados na gastronomia local até carnes, verduras, frutas e flores. Sem esquecer a grande estrela das mesas de Santarém: a mandioca, usada para fazer receitas bem regionais: a farinha, a goma, o tucupi, o tacacá e o beiju, uma iguaria de origem indígena, feita com a tapioca (fécula da mandioca).

Mercadão - Web - Foto Ian Pereira

O Mercadão 2000, que é público e o maior da cidade, abriga ainda lojas de roupas, de brinquedos e de raízes, óleos, essências e remédios naturais feitos com ervas e com plantas medicinais que prometem curar todos os males da humanidade, de ressaca a reumatismo. Em frente ao mercado, a Feira do Pescado reúne toda a diversidade de peixes de rios e lagos da região. Entre as espécies ali encontradas filhote, tambaqui, pirarucu, pirapitinga, surubim, matrinxã, pacu e jaraqui.

Mercado - web

A margem direita do Tapajós é ainda o lar do Porto de Tapajós, por onde ecoam grande parte dos grãos cultivados em solo paraense rumo ao Estado do Amazonas. Mas, os gigantescos navios que em suas águas atracam e que delas partem também transportam soja, arroz, milho e até madeira e produtos minerais para países como a China, a Rússia e o Japão, só para citar alguns. O porto é ainda a porta de entrada para as centenas de turistas que chegam à cidade em cruzeiros transatlânticos.

Porto de santarém

SEM PLACAS NEM SINALIZAÇÃO

Santarém é a terceira cidade mais populosa do Pará, perdendo apenas para a capital Belém e Ananindeua, o principal centro urbano, financeiro, comercial e cultural do Oeste do Estado. Mesmo assim, tem pouquíssimos semáforos. E ainda menos sinalizações. Placas com o nome de identificação nas ruas? Nem pensar.

Orla de Santarém - Web

Procuro saber como um turista pode andar em Santarém, e a melhor resposta que recebo é para que ele traga o endereço e o Google Maps, o app que o orientará como chegar ao local desejado. Os santarenos afirmam ainda que existem os postos de informação turística e que os taxistas conhecem bem a cidade. Aceito a explicação e os argumentos, mas eles não me convencem e me parecem ser insuficientes para que um visitante consiga se localizar em Santarém, uma metrópole que a cada dia se renova e que não para de crescer.

Santarém vista do alto do Hotel London.JPGSantarém vista do alto. Felizmente, a cidade ainda quase não tem edifícios altos. Foto: Fabíola Musarra

 

Contraste que também chama a atenção são os altos edifícios que começam a despontar nos bairros periféricos da cidade. Santarém abriga construções baixas, com quatro, cinco andares, no máximo. E uma lei proíbe a construção de prédios altos nos quatro quarteirões situados em frente à orla fluvial do Rio Tapajós. É exatamente por isso que os arranha-céus não combinam com a paisagem arquitetônica da cidade, ainda integrada por construções e casarões históricos.

Boto no Rio Tapajós -Santarém - Foto Sidney Oliveira - WebOs botos rosa e o tucuxi (cinza) vivem nas águas do Tapajós. Eles podem facilmente ser vistos do “cais” que fica um pouco à direita do mercado. Foto: Sidney Oliveira  

 

A falta de planejamento urbano e o resultado dessa ausência é bem conhecido por muitos outros municípios brasileiros, onde o céu mal pode ser visto e o trânsito é caótico. Santarém, contudo, ainda tem tempo para impedir que o crescimento desordenado e desenfreado invada as suas ruas, destruindo os seus espaços verdes e a sua invejável natureza, arrasando ainda com os marcos e os traços históricos desenhados em seu passado.

Por falar em história, saiba que foi durante o período colonial que Portugal começou a ocupar os territórios na Amazônia, assegurando a sua hegemonia e posse das terras brasileiras – as primeiras povoações às margens do Rio Tapajós e seus afluentes foram fundadas no século 17. A aldeia de Tapajós foi uma delas. Fundada em 1639, na foz no Rio Amazonas, se desenvolveu e hoje é Santarém, uma cidade onde as cores, aromas e sabores satisfazem todos os sentidos.

Famílias vivem às margens do Rio Tapajós - WebFamílias vivem às margens do Rio Tapajós. Foto: Fabíola Musarra

 

COMUNIDADES RIBEIRINHAS

Distribuídas pelo território santareno, pulsam vibrantes comunidades santarenas. Com características únicas, vivem do fruto do que cultivam e produzem. A Comunidade São Francisco do Canarapari é uma delas. Localizada no distrito do Eixo Forte de Santarém, é incentivada há mais de dez anos por empresários a praticar uma economia sustentável.  O que produzem? Lembram-se da mandioca? Sim, aqui existe uma Casa de Farinha.

Afinal, em solo paraense nascem 250 variedades da raiz nativa do Estado. Da mandioca nada se perde: da folha à raiz, tudo é aproveitado. É transformada em goma e tucupi no tacacá, tapioca e beiju para serem saboreados no café da manhã. É usada para fazer bolos, mingaus e até bebidas alcoólicas. Por isso, é impossível falar da gastronomia regional sem citar a mandioca – dificilmente você encontrará pratos que não sejam feitos ou acompanhados por ela.

Produção artesanal de mandioca na Casa da Farinha

A Casa de Farinha é comandada por seu Bené e a esposa Sebastiana, uma das 45 famílias que vivem nesta comunidade de 120 hectares. Ao lado dos filhos, o casal planta e colhe a raiz, que posteriormente é submetida à raspagem, colocada de molho na água, triturada e prensada. “Produzimos duas sacas de 60 quilos de farinha a cada 15 dias, além de alguns subprodutos: a goma e a farinha de tapioca. Assim, geramos renda para a nossa família”, orgulha-se seu Bené.

Igreja na Comunidade de Santa Luiza - Web (1)A Capela de Santa Luiza na Comunidade de mesmo nome. Foto: Fabíola Musarra

 

Já na Comunidade Santa Luiza vivem 25 famílias, num total de 110 pessoas. Entre eles, Paulo Sérgio Castro, um dos apanhadores de açaí, cupuaçu e taperebá (cajá). As árvores são bem altas e o trabalho não é dos mais fáceis. Mas é interessante de testemunhar. Se ficou interessado, a comunidade está situada no km 13 da Rodovia Everaldo Martins (PA-457). A viagem pode ser feita de carro ou de ônibus e dura em média meia hora.

Igreja na Comunidade de Santa Luiza - Web (2)Paulo Sérgio Castro, um dos apanhadores de açaí e frutas típicas da região da Comunidade de Santa Luiza. Foto: Fabíola Musarra

 

Por sua vez, a Comunidade de Anã produz mel e peixes. “Começamos a criar peixes aprendendo a fazer a ração”, conta Maria Odila Duarte, coordenadora do Projeto Musa – Mulheres Unidas Sonhadoras em Ação. “Hoje, nossa produção garante a sobrevivência das 95 famílias que aqui vivem”.  A comunidade é só uma das 75 que dividem um vasto território banhado pelo Rio Arapiuns. Só é possível chegar à região pelo rio. Se você quiser conhecer esse lindo lugar, pode contratar os serviços de Gilgledson Oliveira no Terminal Turístico de Santarém.

Na Anã, os ribeirinhos vivem da venda de artesanato, peixes e mel.

 

Como no momento o terminal está sendo reformado, você pode tentar o Posto de Informações Turísticas, ao lado do mirante. Pelo Instagram, o endereço é Gledson Turismo. No Facebook, www.facebook.com/gilgledson.maiadeoliveira. Em uma embarcação com capacidade para 40 pessoas, Gilgledson realiza diversos passeios aquáticos, todos incluem o encontro entre os rios Tapajós e Amazonas e, na maioria das vezes, dão direito a ver botos.

Posto de informação turística na orla - Web

Os passeios podem ter ou não refeições a bordo e só podem ser feitos com pelo menos 20 pessoas. As saídas são às 9h e o retorno a Santarém acontece às 17h. O tour até Arapiuns é bem legal. Além de você ficar conhecendo a Comunidade de Anã, te conduz a um banho na Ponta do Icuxi, uma das paisagens mais bonitas de Santarém.

Praia do Rio Arapiuns - WebA lindíssima praia fluvial do Rio Arapiuns na Comunidade de Anã. Foto: Ian Pereira

 

A BELEZA SURREAL DO TAPAJÓS

Até agora, falei de algumas atrações turísticas de Santarém, mas não mencionei a sua principal estrela: o Rio Tapajós. Nem é preciso olhar no mapa da cidade, do Pará e do Amazonas para entender isso. Majestoso, o rio de águas transparentes tem seus caprichos: muda de cor conforme a hora do dia e a incidência do Sol, indo de tons de azul a multicoloridas tonalidades de verde. No por do sol veste-se de dourado. À noite e de madrugada reflete o prateado da Lua.

Rio Tapajós - Web (1)

O Tapajós nasce em Mato Grosso, banha parte do Pará e desagua no Rio Amazonas, em frente à cidade de Santarém, a cerca de 695 km de Belém. Tem aproximadamente 1.900 km de comprimento e suas margens, direita e esquerda, são tão distantes uma da outra que a gente nem consegue ver o outro lado do rio. A maior parte dele está em terras paraenses, enquanto a sua porção superior (Sul) faz a divisa dos estados do Pará e do Amazonas.

Rio - Web

Independentemente de suas idas e vindas, o rio é uma passarela mágica que conduz embarcações de todos os tamanhos a cenários de beleza inimaginável. Caso de Alter do Chão, uma charmosa vila de pescadores pertencente a Santarém. Fundado pelo português Pedro Teixeira em 1626, este pedacinho de solo, bem antes disso, abrigou a antiga aldeia onde viviam os índios borari, os habitantes da região. Mais tarde, quando elevado à condição de vila, o distrito foi rebatizado como Alter do Chão, um nome de origem portuguesa.

Alter do Chão - Letreiro

O Tapajós, porém, não é a única via de acesso a esse encantador vilarejo situado à margem direita do rio. Você também pode chegar até lá, partindo de Santarém, pela Rodovia Everaldo Martins (PA-457). São aproximadamente 37 km de distância. A viagem vale a pena! Conhecida como Caribe Brasileiro, Alter do Chão é o principal ponto turístico de Santarém – em 2009, foi eleita pelo jornal britânico The Guardian a mais bonita praia de água doce do mundo.

Alter do Chão - Praia dos Amores - Foto Adrio Denner AD´Produções - WebVista aérea do vilarejo de Alter do Chão. Foto: Adrio Denner/AD´Produções

 

Logo na entrada da cidadezinha, você vai dar de cara com a Ilha do Amor, uma falsa ilha (na realidade, é um istmo) de areia branquinha que somente é acessível por caminhada em novembro, quando as águas do Tapajós baixam. Fora disso, você terá de fazer a travessia a nado ou contratar o serviço para um barquinho te levar até lá, um trajeto que demora menos de cinco minutos.

Alter do Chão - Web

Na chegada, as águas translúcidas e mornas do Tapajós te convidam a banhos e aos mergulhos, enquanto os quiosques com cardápios amazônicos e guarda-sóis te aguardam, abraçados pela natureza irretocável do lugar, pelo céu de intenso azul e por muito sol. Imperdível também é o passeio de canoa pelo Lago Verde, também conhecido como a Floresta Encantada, uma mata de igapó que fica inundada durante seis meses por ano. Por isso, o tour somente pode ser feito entre os meses de fevereiro e julho.

A Praia Ponta do Cururu em Alter do Chão - Foto Julia MaioranaA Ponta do Cururu em Alter do Chão, lugar perfeito para ver botos. Foto: Julia Maiorana

 

Atrações que brilham pela margem direita do Tapajós e que também merecem a visita são o Igarapé do Macaco e a Ponta do Cururu, uma lindíssima praia que não oferece infraestrutura turística.  Para chegar, é preciso contratar um passeio de barco ou de lancha. De volta à terra firme, se ainda tiver fome, passe na central Praça Sete de Setembro, onde barraquinhas servem tacacá, vatapá, maniçoba e outras iguarias da região.

Pratos tipicos de Santarém - Web - Foto Mauro Nayan da AD´Produções - WebPratos típicos da gastronomia da região. Foto Mauro Nayan/AD´Produções

 

Pelas ruas da vila, por sinal, multiplicam-se bares e restaurantes, alguns com preços acessíveis como o Espaço Gastronômico Alter do Chão, com caprichado cardápio e atrações musicais – promove shows, noites de dança e eventos que agitam a noite da cidade. Para preservar as tradições e a cultura do Pará, a programação musical do restaurante sempre inclui a apresentação de um grupo de carimbó.

A casa tem decoração rústica, amplo espaço ao ar livre, varanda com vista deslumbrante, shows musicais e comida da melhor qualidade. De sua culinária contemporânea elaborada com ingredientes locais, destaque para o Pirarucu Recheado, o Tucunaré com Legumes, o estrogonofe de camarão rosa, a coxinha de legumes e o pudim de cumaru. Para abrir o apetite, a cachaça de jambu. A bebida, forte e feita com a fruta da região, literalmente vai te deixar atordoado (entenda melhor, completamente tonto).

Prato típico - Peixe amazônico - Web (1)

Os peixes amazônicos fresquinhos também são a vedete do Restaurante Butikin Alter, na Praia do Cajueiro, a dez minutos do centro. Os pratos principais são acompanhados, a exemplo do que acontece nos demais restaurantes paraenses, por arroz e uma deliciosa (e engordativa) farofa preparada com farinha de mandioca e banana. Entre as opções para petiscar, bolinhos de piracuí (farinha de peixe). Uma dica: não vá embora sem experimentar os sorvetes de frutos regionais, como o de cupuaçu com leite condensado.

Ainda na vila, outra opção é o Restaurante do Alter Hotel. Ele funciona no interior do empreendimento situado em uma das praias mais bonitas do Lago Verde, a cerca de um km de Alter do Chão. Os pratos oferecidos em seu cardápio combinam exóticos temperos da floresta com uma grande variedade de peixes frescos e frutas da região, como o açaí, o bacuri, o cupuaçu, o jambu, a pupunha, o guaraná, a jaca, a manga, o mucuri, o sapoti e o taperebá. Também serve pratos da cozinha internacional.

Procissão religiosa do Çairé Foto Rodolfo Oliveira Agência ParáProcissão religiosa do Çairé, uma festa que se repete há 330 anos. Foto: Rodolfo Oliveira/Agência Pará

 

Alter do Chão é mais do que excelente gastronomia e praias estonteantes. É cultura também. Todos os anos em setembro promove o Festival do Çairé, um dos mais tradicionais do Norte do País. Realizada há 330 anos, a manifestação acontece em louvor ao Divino Espírito Santo e é marcada pelo religioso e profano, incorporando ainda elementos da natureza e do folclore indígena.

Festival do Boto - Apresentação

Sua programação inclui o ritual da busca dos mastros realizado pelos moradores da vila, ladainha, procissões e rituais que lembram os povos indígenas, além do Festival dos Botos, no qual a lenda regional do mamífero sedutor que se transforma em homem e engravida mulheres solteiras é encenada pelos Botos Tucuxi e Cor-de-Rosa. Com duas torcidas organizadas como as de Parintins (AM), a competição dos dois grupos é um show de cores, luzes, carimbó e criativas alegorias. Vale a pena assistir ao espetáculo. É ir e comprovar!

 

SERVIÇO

Encontro das Águas: Orla fluvial de Santarém, margem direita do Rio Tapajós. O encontro das águas azul-esverdeadas do Rio Tapajós com as águas barrentas do Rio Amazonas é um fenômeno natural no qual dois rios correm lado a lado por uma longa extensão, mas não se misturam. O fato ocorre em decorrência da temperatura e densidade das águas.

Centro Cultural João Fona: Av. Adriano Pimentel s/nº, Prainha, tel. (93) 3523-0658, site centroculturaljoaofona@gmail.com.  Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

Cristo Rei – Centro de Artesanato do Tapajós:  Av. Barão do Rio Branco, 375, Santa Clara, tel. (93) 3523-1925, site cristorei@santarem.pa.gov.br. Funciona de segunda-feira a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 14h às 20h.

Mercadão 2000: Av. Tapajós s/nº, com Trav. Professor Carvalho.

Porto de Santarém: Ponta do Salé, à margem direita do Rio Tapajós e a cerca de 3 km da confluência com o Rio Amazonas. É administrado pela Companhia Docas do Pará.

Terminal Fluvial Turístico: Av. Tapajós s/nº, centro. Funciona de segunda-feira a sábado, das 8h às 22h. Domingo, das 14h às 22h.

Centro de Informações Turísticas: Av. Tapajós s/nº, Laguinho (orla da cidade, próximo à Companhia Docas do Pará). Funciona de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h.

 

ONDE FICAR

Em Santarém:

Barrudada Hotel: o hotel que pertencia à rede Tropical, criada por funcionários da extinta Varig, foi adquirido por um empresário e, aos poucos, começa a ser modernizado. Ainda não possui bar, salão de beleza nem loja, mas tem piscina, restaurante e estacionamento. Nem todos os seus quartos estão equipados com secador, enquanto os amenities se resumem a sabonetes. Os apartamentos têm tevê a cabo, internet e cama queen-size. Rua Mendonça Furtado, 4.120, Liberdade, tel. (93) 3523-1990, site www.barrudadatropicalhotel.com.br

 

ONDE COMER

Em Santarém:

Casa do Saulo: Rodovia Interpraias s/nº, km 4, Curuatatuba, São Francisco do Carapanari, tel. (93) 99224-4691. A casa comandada pelo chef e proprietário Saulo Jennings foi eleita pela revista Prazeres da Mesa como o melhor restaurante do Norte do País de 2018. A comida é representativa do Estado, com menu integrado sobretudo por pratos à base de peixe, macaxeira e banana-da-terra.

Além dos criativos petiscos e pratos, outros pontos altos da casa são a paisagem amazônica, que pode ser admirada das mesas dispostas ao ar livre no deck do restaurante, e o Rio Tapajós, de águas limpinhas e acessível para banhos ao fim de sua escadaria.

Restaurante do Saulo - Web

A casa agenda para grupos a piracaia, tradicional churrasco de peixe à beira-rio. Os peixes amazônicos recém-pescados são assados sobre brasa em jirau de galhos verdes e acompanhados por abóbora, banana-da-terra, batata-doce, frutas e outros alimentos regionais. Funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 17h.

Restaurante Piracema: Av. Mendonça Furtado, 73, Prainha, tel. (93) 3522-7461, site www.restaurantepiracema.com.br. A casa é uma das mais concorridas da cidade. Não à toa. Sua decoração é impecável. Alegre e artesanal, resgata a cestaria, a cerâmica e as cuias pintadas da cidade de Santarém.

Prato tipico - Foto Mauro Nayan da AD´Produções - Web (2)Imperdível, a farofa com banana-da-terra sempre acompanha os pratos da gastronomia santarena. Foto: Mauro Nayan/AD´Produções

 

Também os funcionários usam trajes coloridos e típicos. Mas, o melhor mesmo, é a comida. De babar! Na entrada, opções como o Carpaccio de Pirarucu Defumado (com lâminas do peixe cobertas com fios de azeite e alcaparras, acompanhadas por beiju crocante com geleia de cupuaçu), o Bolinho de Piracui e a Cumbuca de Aviú (micro camarão, comum nas águas rasas do Rio Tapajós) com Ervas Aromáticas.

Imperdível também é a porção de Mini Croquetes de Aviú com Geleia de Cupuaçu, preparados com massa de macaxeira recheada com aviú e servidos com geleia de cupuaçu picante. Para o prato principal, prove o famoso Pato no Tucupi (temperado com tucupi e jambu) ou a Caldeirada Ribeirinha, com pedaços de peixes (pirarucu, tucunaré, surubim ou filhote, lombo e costela de tambaqui), batata, cebola, tomate e ovos cozidos em caldo encorpado com farinha d`água, servido com arroz branco e pirão.

Se conseguir, deixe um espaço para a sobremesa. Entre as sugestões, a Mousse de Bacuri com Crocante de Castanha da Amazônia, o Trio de Sorvetes Amazônicos (castanha, açaí e tapioca) e o Bolo de Chocolate com Sorvete de Tapioca. O cardápio do restaurante traz ainda tentações preparadas com carne bovina e peixes, além de risotos. Funciona de terça-feira a sábado, das 11h às 15h, e das 19h às 23h30. Aos domingos, das 11h às 16h.

Bolinho de piracuí, acompanhamento que não falta às refeições - Foto Mauro Nayan da AD´Produções.jpgBolinho de piracuí, acompanhamento feito com o delicioso peixe amazônico que não falta às refeições. Foto: Mauro Nayan/AD´Produções

 

Bar Mascote Restaurante: Praça do Pescador, 145, centro, tel. (93) 99146-4996. Com decoração aconchegante e caprichada, esse bar/restaurante tem opções, como filé mignon, frangos e peixes. O atendimento é excelente.

Em Alter do Chão:

Restaurante do Alter Hotel: Rua Pedro Teixeira, 500, tel. (93) 3527-1230, site www.beloalter.com.br/o-restaurante.html.

Prato tipico - Foto Mauro Nayan da AD´Produções - Web (1)

Espaço Gastronômico Alter do Chão: Rua Lauro Sodré, 74, tel. (93) 9840-1614.

Restaurante Butikin Alter: Rua Lauro Sodré, 125, Praia do Cajueiro, tel. (93) 9967-5105.

 

A jornalista Fabíola Musarra viajou a Santarém e a Alter do Chão a convite da Secretaria Municipal de Turismo de Santarém (Semtur) e da Secretaria de Estado de Turismo (Setur-PA).

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