Com mais de 300 bairros, a capital do México é possuidora de uma preciosa história. Alegre, pulsante e colorida, é ainda um solo musical de absoluta poesia e de total sedução.
Por Fabíola Musarra
A Cidade do México é pura poesia em forma de música. É só andar por suas ruas para escutar o som de uma melodia ou a canção de seus mariachis. Não é só a música que contagia nesta cidade onde viveram astecas e maias, entre outras civilizações pré-hispânicas, além de espanhóis, os colonizadores.
Neste pulsante solo, na verdade, tudo impressiona, fascina e seduz. Nele, passado e presente se unem, se revezam e resultam no efervescente caledoscópio cultural que impulsiona esta vibrante capital repleta de magia e de contrastes.
Situada na região central do país, a sede do Distrito Federal mexicana abriga pirâmides e templos ancestrais, modernos museus, belíssimas construções coloniais e praças que guardam preciosos tesouros da humanidade. O charme a mais da vibrante capital federal fica a cargo da gentileza e simpatia de sua gente e de sua exótica gastronomia, de cores e sabores fortes e picantes.
O trânsito intenso também chama a atenção na cosmopolita cidade, cujo sistema de transporte público é eficiente. Além dos ônibus e das linhas de metrô convencionais, há ainda o Turibus (www.turibus.com.mx), ônibus de dois andares e com tradutores simultâneos em diferentes idiomas.
O Turibus percorre os principais postais da capital, disponibilizando duas linhas: a que circula pelo centro histórico e a outra que segue rumo à região sul. Além do ônibus turístico, a metrópole conta com ampla e moderna frota de táxis, alguns deles pintados de cor-de-rosa-choque.
O motivo? Até pouco tempo, eram destinados apenas ao transporte de mulheres, numa iniciativa que visava protegê-las de quaisquer tentativas de assédios masculinos. Hoje, esses táxis atendem a chamados de homens e mulheres. Mas o mesmo não acontece com o metrô. Ele mantém um vagão em cada um de seus trens exclusivo para o público feminino.
Marco Zero – Curiosidades à parte, a Cidade do México merece mesmo ser conhecida. Comece a desvendá-la percorrendo seu centro histórico. Declarada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco em 1988, a região começa no Zócalo, marco zero da capital, e abrange uma área de dez quilômetros quadrados.
O Zócalo, como também é popularmente chamada a Praça da Constituição, abriga a monumental Catedral Metropolitana, o Palácio Nacional e a zona arqueológica do Templo Mayor da extinta cidade de Tenochtitlán, a capital do império asteca.
Local de orações, sacrifícios humanos e rituais astecas, Tenochtitlán foi fundada em 1325 e era banhada pelo Rio Texcoco e por uma intrínseca rede de lagos. Durante a colonização, eles foram soterrados, assim como o rio.
Com majestosa arquitetura, palácios, jardins, templos e avançados sistemas de abastecimento e de agricultura, a próspera cidade asteca era comandada pelo imperador Montezuma e tinha 300 mil habitantes em 1519, quando os espanhóis chegaram.
Maior cidade do mundo do século 16, foi destruída pelos colonizadores. Eles, após derrotarem o império asteca sob o comando de Hernán Cortés, queriam o terreno e usaram as mesmas pedras resultantes da destruição das construções de Tenochtitlán para erguer a catedral, os palácios e muitas outras edificações da Cidade do México, fazendo prevalecer seu gosto estético.
É possível visitar as ruínas onde viveu esta mítica civilização, também conhecida como mexica – desde que o templo foi descoberto na segunda metade do século 20, arqueólogos continuam a escavar o lugar, na tentativa de desvendar um pouco mais sobre os seus mistérios.
Na esquina noroeste do Zócalo, você pode observar as camadas mais antigas da pirâmide e das ruínas do centro cerimonial de Tenochtitlán. No anexo do sítio arqueológico funciona o Museo Del Templo Mayor (www.templomayor.inah.gob.mx), cujas salas exibem esculturas, estátuas, pinturas, joias e utensílios, entre outros objetos encontrados durante as escavações.
Solo instável – Também na calçada em frente à Catedral Metropolitana escavações recobertas por vidro transparente exibem vestígios da cidade mexica. Já o suntuoso interior da igreja ostenta altares de santos permeados por ricos e rebuscados detalhes e entalhes em gesso, madeira e ouro, na melhor tradução do estilo barroco.
A imponente catedral começou a ser construída em 1573 e somente foi finalizada depois de mais de dois séculos. Ao caminhar pelo seu interior, você nitidamente vai perceber o desnível do chão. “Cimentado” em um solo frágil e instável, o piso afunda em consequência de a igreja, assim como a capital mexicana, ter sido erguida sobre as ruínas da antiga capital asteca e de lagos e do rio que à época a banhavam.
Além de visitas guiadas, a igreja tem como atração à parte o “Vozes da Catedral”, um espetáculo não-gratuito que acontece sempre às quartas-feiras, às 20 horas. Durante a apresentação de 1h30, músicos e atores vestidos com trajes de época contam a história da Catedral.
Ainda no Zócalo fica o Palácio Nacional, com murais de Diego Rivera e de seus alunos Jean Clareot e Amado de la Cueva. Construído no fim do século 17 no lugar onde ficava o palácio de Montezuma, o edifício foi o lar de vice-reis coloniais e sede da Presidência da República.
No centro da Praça da Constituição, você também pode testemunhar o hasteamento da bandeira mexicana, um ritual que diariamente se repete em meio de dezenas de camelôs e da colorida multidão que por ali circula.
Também vale a pena conhecer as imediações do Zócalo, sobretudo a Francisco I, a Madero e as ruas próximas. Elas abrigam algumas das edificações mais antigas da cidade, entre monumentos, igrejas coloniais e mansões erguidas no decorrer de três séculos, a partir da conquista em 1521 até a Independência do México em 1821.
Caso da Igreja San Francisco, cujo início da construção data de 1524, e da Casa dos Azulejos, com quase 400 anos de idade, além do Palácio de Iturbide. Em estilo barroco, começou a ser construído em 1779 e conserva resquícios do curto reinado de Agustín de Iturbide (1821 a 1823).
Flores e trombadas – Outra atração da capital mexicana, também tombada pela Unesco como Patrimônio Histórico, fica em Xochimilco, a aproximadamente 20 quilômetros ao sul. Deste bonito bairro colonial parte um passeio de “trajineira” pelos canais ali existentes – dos que restaram na Cidade do México, apenas seis são acessíveis. Todos os outros, incluindo os que chegavam até pontos próximos ao atual centro da capital, foram soterrados ao lado dos lagos e do Rio Texcoco.
Nos embarcadouros são oferecidas diferentes alternativas de passeios, desde os barquinhos individuais ou coletivos que transportam uma pessoa até os com capacidade para 14 passageiros, habitualmente contratados por famílias ou grupos de amigos para comemorar uma data especial. As opções incluem ainda trajetos com direito a refeição ou músicos a bordo. Ou, ambos.
No percurso, o barco passa por jardins, viveiros e mercados de flores, sempre embalado pelo som e pelo ritmo de músicos e mariachis, contratados por passageiros de algumas embarcações para alegrar a aventura náutica.
Disputadíssimos por centenas de diferentes tipos e tamanhos de barcos, sobretudo nos fins de semana, os canais mais do um simples trajeto de um passeio, são um verdadeiro e divertido festival de trombadas.
Ao navegar por eles, você o tempo todo “esbarra” com o vaivém de canoas nas quais vendem-se desde alimentos e bebidas até bolsas, mantas e imagens da Virgem de Guadalupe, a padroeira do México.
A capital deste colorido, musical e simpático país situado ao sul da América do Norte tem muito mais a oferecer, atrações que se revezam, multiplicam e podem te conduzir de um século a outro em um simples atravessar de rua. Mas essas e outras histórias fazem parte dos próximos capítulos.
* A jornalista visitou o México a convite da Copa Airlines, do Conselho de Promoção Turística do México no Brasil e das Secretarias de Turismo da Cidade do México e de Puebla.