Entre dois (ou mais) amores

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Por Fabíola Musarra

Terra natal do polêmico casal de artistas plásticos Diego Rivera e Frida Kahlo, a Cidade do México também é o lugar onde nasceu e viveu a empresária Dolores Olmedo Patiño (1908 a 2002), uma das “namoradas” de Rivera (1886-1957), considerado um dos maiores talentos do México do século 20 e um dos mais destacados pintores do movimento denominado “Muralismo Mexicano”, ao lado de José Clemente Orozco e David Alfaro Siquieros.

Jardim do Museu Dolores Olmedo.jpg

Rica e  apaixonada por arte desde a juventude, a poderosa empresária viveu em uma luxuosa mansão de extensa e bem-cuidada área verde, permeada por espécies de árvores nativas mexicanas.  No século 16, o  local abrigava a Fazenda La Noria. A propriedade foi comprada por Dolores e, anos após a sua morte,  foi  transformada em museu –  antes de morrer, a empresária doou sua valiosa coleção de arte ao povo mexicano .

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Inaugurado no dia 17 de setembro de 1994, o espaço cultural fica em Xochimilco, bairro localizado ao sul da Cidade do México. Seu acervo guarda uma significativa coleção de arte moderna mexicana, entre pinturas de Orozco e de Frida Kahlo, esculturas, gravuras, objetos de arte e, é claro, obras de seu amado Diego.

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No museu também estão expostas gravuras da artista Angelina Belloff, companheira sentimental de Rivera durante sua estadia na Europa, e do norte-americano Pablo O’Higgins, que foi assistente do artista mexicano em diversas obras, além de mais de 900 peças arqueológicas e de uma  impressionante coleção de arte popular de diferentes culturas do país.

Em seu interior também podem ser apreciados objetos que faziam parte da decoração da casa quando Dolores ali morava. São peças em marfim, de porcelana, tapetes, fotografias,  retratos, desenhos, caricaturas e  documentos que  possibilitam acompanhar a trajetória  da empresária.

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Já no jardim da propriedade vive uma família de esguios xoloitzcuintles, a raça de cachorros mexicanos de origem pré-hispânica “idolatrada” por Rivera. No local funcionam ainda uma cafeteria e uma livraria, onde é possível comprar graciosos mimos para dar de presente. 

Da cor do céu e do sol –  Por falar em paixão, imperdível e obrigatória é a visita à Casa Azul. Localizada em Coyoacán, um dos mais antigos bairros do Distrito Federal mexicano, foi o lar onde Frida Kahlo (1907 a 1954) viveu seu conturbado casamento com Diego Rivera.

Frida Kahlo e Diego Rivera

Com fachadas exteriores em azul representando céu e piso pintado de amarelo em um tributo ao sol, a casa pertencia à família da pintora e também foi o lugar onde ela passou a infância e onde viveu os últimos anos de sua vida. Convertida em museu em 1958, hoje, guarda objetos pessoais de Frida e Rivera, revelando detalhes do convívio e da intimidade do casal.

Cozinha da Casa Azul de Frida Kahlo1

Além do livro ensinando o modo de preparo de receitas, incluindo a do mole, tradicional prato da gastronomia mexicana e o preferido de Diego, ali é possível conhecer a decoração dos ambientes, incluindo o quarto onde a pintora escrevia o nome de suas paixões no teto – bissexual, teve várias(os) namoradas(os).

No interior da casa também estão expostas pinturas da artista, como “Frida y la Cesarea”  (1931), “Retrato de mi Padre Wilhem Kahlo” (1952) e Viva La Vida” (1954), retratando as melancias que Frida pintava quando estava feliz. Há, ainda, a cadeira de rodas que Rivera comprou para a  ela  e as roupas e os torturantes coletes e apetrechos ortopédicos que Frida usava para disfarçar as imperfeições físicas.

Frida Kahlo -  Foto www.nodalcultura.am

A pintora foi vítima de uma poliomielite na infância e de um acidente na juventude, quando um bonde bateu no ônibus que a transportava, lesionando gravemente a sua coluna e pélvis – engravidou, mas nunca conseguiu ter filhos.  Durante sua vida, a pintora foi submetida a mais de 30 cirurgias, entre as quais sete de coluna.

Palco da história –  Coyoacán, contudo, é muito mais do que Casa Azul de Frida Kahlo. Ao lado de San Angél, a colônia (como são chamados os bairros mexicanos) é um retrato vivo da história e um cenário de uma animada festa, especialmente nos fins de semana, quando milhares de famílias e turistas invadem suas ruas de pedra repletas de casas coloniais.

Incorporado à Cidade do México em 1940, o bairro transborda charme e alegria. Sua praça principal abriga a Igreja de São João Batista, erguida no século 16. Pelas ruas ao seu redor espalham-se dezenas de lojinhas de artesanato, cafés, restaurantes e barraquinhas de comidas rápidas, que vendem desde espigas de milho e churros até sorvetes e frutas com pimenta.

Quanto à história, Coyoacán,  tem muitas para contar. Foi o lugar onde o colonizador espanhol Hérnan Cortés se instalou quando, no século 16, se preparava para conquistar Tenochtitlán, a próspera cidade asteca sede do império de Montezuma. Foi também onde permaneceu entre 1521 e 1523, quando transformou o local na primeira capital da Nova Espanha. Passaporte para uma mágica viagem ao passado, Coyoacán é um programa indispensável a ser feito em sua visita à cidade.

 

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