Festas Brasileiras – Semana Santa em Goiás

          Procissão do Fogaréu

          Por Fabíola Musarra

           A Semana Santa tem um atrativo a mais na cidade de Goiás, antiga capital do Estado de mesmo nome. Na passagem da quarta-feira para a Quinta-feira Santa, um batalhão de 500 homens empunhando tochas revive uma tradição secular de grande impacto visual. Na chamada “Quarta-Feira de Trevas”, milhares de pessoas se postam diante da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte. Dali parte, à meia-noite, a Procissão do Fogaréu.

         O evento é simultaneamente o que mais atrai turistas e de maior importância religiosa para a cidade de Goiás. Os sons também são elementos importantes no espetáculo do Fogaréu. Os farricocos, um grupo de 40 homens com túnicas coloridas e brilhantes, além dos característicos capuzes pontiagudos com duas aberturas somente para os olhos, são recebidos por uma fanfarra ao som de batuque.

         Assim que os ponteiros se unem dando início à madrugada, as luzes da cidade são apagadas e apenas o lume de cada tocha é visto cortando a noite em procissão. Depois de 15 minutos, já na quinta-feira, a procissão pára diante de um cenário que representa a Última Ceia de Cristo e os apóstolos, montado diante da Igreja do Rosário.

         Quando o relógio está próximo de marcar 1 hora, os homens do Fogaréu chegam ao seu ponto final: a Igreja de São Francisco, que agora assume o papel de Monte das Oliveiras. Apenas um dos farricocos enverga uma túnica branca. É ele que leva um estandarte de linho que representa Jesus Cristo.

         Este ritual de Goiás teve sua inspiração naqueles que aconteciam em Portugal e na Espanha, na mesma data. No Brasil, o primeiro Fogaréu foi em 1618, na Bahia e há registros também na Paraíba, em 1726.

         Em terras brasileiras, o Fogaréu perdeu seu caráter inicial de penitência e passou a simbolizar a noite da busca e prisão de Jesus. A cidade de Goiás realizou sua primeira procissão do Fogaréu em 1745, trazida pelo padre português Perestrello Espíndola.

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