Em meio à Serra da Mantiqueira, a estância climática mineira é repleta de belezas naturais e de irresistíveis tentações gastronômicas.
Já se imaginou em uma vilinha com apenas uma avenida principal, ruas transversais de terra e, ainda assim, ter atividades para desvendar e fazer por pelo menos uma semana? Pois, esse lugar existe e fica no sudoeste de Minas Gerais, a menos de 170 km de São Paulo. Seu nome? Monte Verde, um gracioso distrito de Camanducaia, com menos de sete mil habitantes.
Abraçada pela Serra da Mantiqueira e pelo o ar puro das montanhas, Monte Verde é uma miniatura da concorrida Campos do Jordão, em São Paulo. É permeada por araucárias, pinheiros, cedros, carvalhos, ipês e multicoloridas espécies de flores. É ainda conhecida pelo clima frio e baixas temperaturas. Não à toa.
Situada a quase 1.600 m de altitude, em um dos pontos mais altos da Mantiqueira, registra no Inverno temperaturas de até menos 4º C, com bucólicas geadas. O frio, porém, imprime um charme a mais à vila, que se torna em um point de desfile de gente bonita e de casais que buscam momentos de romantismo. E são muitos.
Basta ver que, embora pequenina, a estância abriga aproximadamente 300 hotéis, pousadas e chalés, a maioria deles com direito a hidromassagem, lareira e, é claro, a muita natureza. Fundada pelo letão Verner Grinberg, Monte Verde teve seu nome inspirado no significado do sobrenome dessa família – grin, verde, e berg, monte.
Pelas características de seu clima frio, também foi colonizada por outros imigrantes vindos da Europa. Eles viam naquele pedacinho de terra características comuns às de seus países de origem. Foi assim que, além dos letões, o distrito mineiro atraiu alemães, suíços, húngaros, austríacos e italianos…
Eles foram chegando a partir da primeira década do século 19. Se instalaram e imprimiram o ar europeu que se respira em Monte Verde. Andar pelas ruas do vilarejo – inclusive as de terra – é testemunhar parte deste significativo passado do País, desvendando construções concebidas segundo a estética da arquitetura europeia.
É delicioso. E também bastante pitoresco. Letões, alemães, húngaros? No Sul do País, normal. Mas, em Minas, quem imaginaria? Mas, as provas estão lá. Incontestáveis. São dezenas de restaurantes que têm o Eisbein, prato alemão à base de joelho de porco, como carro-chefe. Para acompanhar, a cerveja artesanal produzida nos moldes da alemã – abriga inclusive uma fábrica da bebida, a Arsenal da Cerveja.
De sobremesa, não falta nas elegantes casas de chá e chocolatarias da estância o Apfelstrudel (strudel), a torta de maça cuja receita é atribuída aos alemães, mas que acredita-se ter sido inventada pelos austríacos. Pelo distrito espalham-se ainda restaurantes e cantinas que servem o melhor da gastronomia italiana e portuguesa.
Em terra de águas frias também não faltam as trutas. E elas surgem nos cardápios dos restaurantes em diferentes versões: grelhadas, assadas e em filés, com os mais variados acompanhamentos. São servidas também com exóticos molhos, como os de amêndoas, de alcaparras e até os que levam queijos e aveia.
Os costumes trazidos pelos primeiros moradores, a família Grinberg, e demais imigrantes europeus estão impressos nas ruas e na área rural de Monte Verde. Mas nelas também estão fortemente presentes o “jeitim” mineiro de receber os visitantes, com simpatia e hospitalidade sem limites.
Em qualquer uma de suas lojas de doces caseiros, compotas e geleias, queijos, embutidos e vinhos, mortal algum do planeta vai embora se não provar um “tiquim”, ter um “dedim” de prosa e receber um acolhedor sorriso. A mesma cena se repete no alambique da estância, a Destilaria Monte Verde.
Em todos os cantinhos do distrito, porém, são oferecidas opções para diferentes paladares, incluindo para quem aprecia a culinária mineira. Na Avenida Monte Verde, principal da vila e onde se concentra o comércio, também se multiplicam as chocolatarias, que servem desde sofisticadas bebidas preparadas à base de cacau até artesanais trufas, bombons, tabletes e chocolates dietéticos.
É impossível controlar a balança neste sedutor vilarejo e não saborear suas delícias. Para quem tenta, uma dica para gastar as calorias adquiridas: Monte Verde tem diversas agências que oferecem passeios de cavalo, bike, jipe, quadriciclo e caminhadas pela Mantiqueira, além de aventuras radicais e de patinação no gelo. Mas isso é assunto para o próximo capítulo. Até já!
SERVIÇO
Arsenal da Cerveja – Comercializa mais de 200 rótulos, entre cervejas artesanais, nacionais e importadas. Galeria suíça, Av. Monte Verde, 858, loja 4, tel. (35) 3438-1697.
Destilaria Monte Verde – Rua Urano com a Rua do Mato Grosso, destilariamonteverde.com.br.
Ristotanti Di Venetto – Além dos risotos, massas, berinjelas e demais pratos inspirados na gastronomia da região italiana de Veneto, a casa oferece uma das vistas mais bonitas das montanhas de Monte Verde – está situada em um dos pontos mais altos da estância, bem pertinho do aeroporto local, considerado o mais alto do Brasil, a 1.560 m de altitude. Rua do Aeroporto, 740, tel. (35) 3438-2606, divenetto.com.br.
Armazém Monte Verde Restaurante – Com aquecedores internos e externos, a casa de caprichada decoração oferece rodízio de fondues, além de pratos inspirados nas cozinhas alemã, italiana e mineira. Entre as tentações, sopas e cremes, como o caldo verde no pão italiano, e carnes, como a Picanha Mineira, servida com arroz, tutu de feijão, mandioca e couve. O cardápio inclui ainda receitas preparadas com aves, peixes e frutos do mar.
Na entrada, pães caseiros servidos com três tipos de patês e manteiga. Ou, a linguiça recheada com provolone, acompanhada por farofa, vinagrete e mostarda alemã. Nos fins de semana, feriados e na temporada de Inverno, é embalada por música ao vivo. Av. Monte Verde, 760, tel. (35) 3438-2009, armazemonteverde.com.br.
Restaurante Trás os Montes – A comida portuguesa dá o tom desta aconchegante casa, cujo menu exibe pratos como o Bacalhau à Portuguesa, alheiras e diferentes opções de peixes e frutos do mar. Av. Monte Verde, 845, piso superior, tel. (35) 3438-1699, facebook.com/trasosmontesrestaurante.
Restaurante Marcius – Fundado em 1994, tem cardápio variado integrado por saladas, sopas, massas, aves, trutas, picanhas e filés preparados de diferentes maneiras, além de pratos tipicamente mineiros e fondues. Av. Monte Verde, 847, tel. (35) 3438-1508, marciusrestaurante.com.br.
Paulo das Trutas – Tem um trutário, onde “pesca” os peixes servidos em seus dois endereços: o restaurante da Rua da Floresta, 810, onde faz a criação de trutas. A outra casa funciona na Av. das Montanhas, 120. Site paulodastrutas.com.br.
Chocolate Montanhês – É uma extensão da de Campos de Jordão (SP), onde a marca nasceu. Seu chocolate quente recentemente ganhou o prêmio da Veja São Paulo como o melhor da região. Av. Monte Verde, 969, loja B, tel. (35) 3438-1782, chocolatemontanhes.com.br.
Fábrica Sabor de Chocolate – É ponto de parada de alguns tours feitos no distrito. Com funcionários atenciosos, comercializa gulodices artesanais feitas à base de cacau na loja/cafeteria que funciona em seu interior. Rua da Chácara, tel. (35) 3438-2064, facebook.com/pages/Sabor-Chocolate-Fabrica-Monte-Verde-MG
Ateliê Unger’s Pottery House – A galeria também faz parte dos tours oferecidos pelas agências locais. Obras de arte e totens de Paula Unger podem ser vistos nos jardins da linda propriedade. No interior também estão expostas peças de cerâmica, esculturas e pinturas de artistas brasileiros. Rua da Represa, 1.307, tel. (35) 3438-1470, paulaunger.blogspot.com.
Mirante do aeroporto – É outra parada que integra o city tour das agências locais. A estrada que passa ao lado do aeroporto oferece uma vista cênica da estância, com direito a admirar as casas em estilo europeu e as montanhas da Mantiqueira.
Como chegar
De São Paulo a Monte Verde: siga em direção a Guarulhos (SP) pela Via Dutra. Na altura do km 13, entre na Rodovia Fernão Dias até Camanducaia.
Saindo do Rio de Janeiro: pegue a Via Dutra até Jacareí (SP), entre na Rodovia D. Pedro I. Em Atibaia (SP), entre à direita na Rodovia Fernão Dias, continuando até Camanducaia.
De Belo Horizonte (MG) para Monte Verde: saída pela Avenida Amazonas, sentido São Paulo, até Camanducaia.
Embora não tenha uma rodoviária, o transporte público é uma alternativa para quem quer ir até Monte Verde. Existem linhas diretas entre São Paulo e Camanducaia, em um percurso de pouco mais de duas horas. De Camanducaia ao distrito, há sete horários disponíveis durante o dia, com a duração da viagem estimada em 50 minutos.
A jornalista viajou a Monte Verde a convite do Resort Magnífico e da Agência Newsfacto.