Debruçado sobre o Mediterrâneo e possuidor da indescritível beleza da Côte D’Azur, o Principado de Mônaco é um país dos sonhos. Acredite! Esse pequenino reino “extraído” de um conto de fadas não é só sinônimo de luxo e do metro quadrado mais caro (e cobiçado) do mundo.
Tampouco é apenas o cenário da etapa mais charmosa da Fórmula 1 e um badalado ponto de encontro de jet-setters. Ao contrário. Possui graciosos encantos e recantos, constituindo-se – por isso mesmo – em uma parada obrigatória para quem viaja pelo continente europeu.
Situado aos pés dos Alpes, a poucas horas de voo ou trem das principais cidades da Europa, Mônaco fica no ponto exato onde a França e a Itália se encontram. Com dois quilômetros quadrados de área, é a segunda menor cidade-estado do mundo, só perdendo em tamanho para o Vaticano.
País pequenino, sim! Tanto que nem tem uma capital. Mas dono de um glamour e carisma inegáveis. Toda essa fama, assim como a sua popularidade turística, se deve ao emblemático casal Rainier Grimaldi e Grace Kelly – já falecidos. Foram eles que reinventaram o perfil de Mônaco no século 20, transformando-o no destino mais VIP do mundo.
Sonho e desafios – Para que Mônaco atingisse o atual status, o príncipe Rainier não mediu esforços. Nos idos dos anos 1950, apostou todas suas fichas até transformar seu reino em uma referência ambiental e em inovação cultural, tecnológica e bancária.
Rainier faleceu em 2005, mas não antes de ver o seu plano ser bem-sucedido e de, em 2004, passar o comando do país ao filho, o príncipe Albert 2º. Casado com a sul-africana Charlene Wittstock, o príncipe tem como um dos principais desafios de sua gestão manter vivo o sonho paterno e continuar redesenhando Mônaco.
O Principado é conhecido internacionalmente por ser um paraíso fiscal e pelas astronômicas cifras que circulam em seus cassinos. Albert 2º vem batalhando para reverter essa imagem e mostrar ao mundo que o país não é mais só o endereço certo para a evasão fiscal nem a capital do jogo.
Não é de hoje, porém, que a história e a trajetória do Principado se fundem e confundem às da dinastia Grimaldi, realeza no poder há mais de 700 anos. Mônaco só se tornou independente da tutela francesa, após muitas idas e vindas, em 1860. Foi quando o poder passou em definitivo às mãos dos Grimaldi.
Poder à parte, todos os anos o reduto preferido de dez entre dez celebridades é visitado por milhões de turistas dos quatro cantos do mundo, a quem acolhe em pelo menos três idiomas: francês, inglês e italiano.
O País dos Príncipes, por sua vez, é o lar de quase 38 mil pessoas, das quais menos de oito mil possui a nacionalidade monegasca, um privilegiado passaporte que concede direito a voto, isenção de imposto de renda, acesso preferencial aos cargos de trabalho e ajuda de moradia próxima a 70%.
Irretocável beleza – É nesta época do ano, quando o verão abraça o Hemisfério Norte, que Mônaco exibe a sua melhor forma, com seus jardins multicoloridos, casas e prédios suspensos sobre sinuosas formações rochosas e vielas medievais contracenando com o sol e o irretocável turquesa-néon do Mediterrâneo.
Não falta o fazer em Mônaco, especialmente em dias ensolarados. A começar por conhecer o palácio real, os cassinos, a marina onde atracam luxuosos iates, as lojas de grife e renomados restaurantes, como o Le Louis XV.
Há muitas maneiras de conhecer o Principado. Você pode caminhar por suas ruas limpas e bem-cuidadas ou pegar um ônibus turístico, visitando os postais do reino.
Outra possibilidade é embarcar em um Azur Express, na Av. Saint Martin. Este pequeno trem, nas cores da bandeira do país, diariamente, percorre as ruas do porto e de Montecarlo.
Você também pode admirar Mônaco, seus arredores e a imensidão azul do mar do alto, a bordo de um helicóptero. No heliporto da Av. des Ligures, em Fontvieille, empresas diariamente oferecem a aventura.
Antes, porém, de sair para explorar a cidade, é melhor compreender sua geografia. Basicamente, o país se espalha por três áreas: Monaco-Ville, a cidade velha situada ao redor do castelo dos Grimaldi, no topo do rochedo; o bairro portuário La Condamine; e Montecarlo, onde ficam os cassinos, pubs, casas noturnas e a maioria dos hotéis de luxo.
Herança dos genoveses – Pronto para circular? Que tal começar a jornada na cidade velha? Lá, no alto do rochedo, está a majestosa Monaco-Ville, a sede do governo. Circundada por ruas medievais, a residência dos Grimaldi é um charme a mais de Mônaco.
Instalado em uma antiga fortaleza erguida pelos genoveses em 1215, o palácio real guarda tesouros inestimáveis. Você pode desvendá-los em um tour guiado de 40 minutos.
O trajeto inclui a lareira do Renascimento da Sala de Trono, salões de requintada decoração e o Pátio de Honra, com suas escadas de mármore de Carrara do século 17, além de pinturas e afrescos do século 16.
Se não tiver tempo para explorar o interior do castelo, tente assistir a troca da guarda real na Place du Palais. Com seus impecáveis uniformes brancos de verão, os soldados todos os dias se revezam em um ritual de gestos precisos, executado pontualmente às 11h55.
Dê uma esticada até a Catedral de Mônaco (onde Grace Kelly e Rainier casaram-se em 1956) e o Museu Oceanográfico. A catedral foi erguida em 1875 no exato local onde ficava a primeira igreja do país, construída em 1252.
De estilo romano-bizantino, o imponente templo católico, também conhecido como Catedral de São Nicolau, é palco dos principais eventos religiosos de Mônaco, assim como de batizados, casamentos e cerimônias reais.
Já o museu foi fundado pelo príncipe Albert 1º em 1910. Com exóticos recifes de corais e espécies marinhas, foi dirigido pelo oceanógrafo francês Jacques Cousteau em 1957.
Essas não são as únicas estrelas de Monaco-Ville. Em uma simples caminhada pelas floridas ruas e vielas medievais você vai descobrir muitas outras delas até perceber que está em Montecarlo.
Estrela maior – O coração de Mônaco é Montecarlo, com seus jardins impecavelmente desenhados, elegantes residências e edifícios, elevador e estacionamento públicos limpos e organizados e – é claro – os efervescentes cassinos.
O Grand Casino é o mais famoso deles. Obra-prima do arquiteto Charles Garnier construída em 1863, abriga ao fundo a Salle Garnier, uma réplica em miniatura da Ópera de Paris onde são promovidos espetáculos líricos e de balé.
O suntuoso Cassino de Montecarlo, como é mais conhecido pelos brasileiros, impera soberano na Place Du Casino, constituindo-se em uma tentadora atração tanto para os endinheirados que ali jogam quanto para os reles mortais que apenas o visitam.
Se você deseja conferir de perto o luxo ostensivo de seus ambientes interiores, pode recorrer às visitas guiadas – elas também são permitidas no Le Casino, Café de Paris, Sun Casino e demais cassinos da cidade.
Se, ao contrário, sua intenção é só passear em frente à sofisticada casa de jogos, não deixe de sentir a suave fragrância do Les Jardins du Casino, enquanto observa as fontes que “brincam” entre a infinidade de verdes de seus gramados.
Quando se cansar de lapidar as joias existentes nas badaladas ruas de Montecarlo, vá conhecer La Condamine, na parte baixa da cidade.
Cores e aromas – Todas as manhãs, a região portuária se colore com o perfume das barracas de ervas e os quiosques que “desfilam” à beira-mar, dividindo o cenário com o mar repleto de iates da Baía de Mônaco.
Para saborear as cores e os aromas de La Condamine, a dica é descer a pé de Montecarlo até o porto pela orla. O caminho é íngreme, mas permeado por simpáticas flores, graciosos jardins e inesquecíveis paisagens.
Não desista de percorrê-lo pensando na via-crúcis que terá de encarar na volta. Lembra-se do elevador em Montecarlo? Num sincronizado sobe-desce, ele rapidamente pode te conduzir à parte alta da cidade. Assim, na hora de se despedir de La Condamine, é só ir até o canto direito da enseada e subir.
É impossível testemunhar o arrebatador turquesa daquele pedacinho de Mediterrâneo sem sentir vontade de mergulhar em suas águas. Se esse é seu desejo, saiba que para ser atendido, terá de ir até à Praia de Larvotto, a única pública de Mônaco – todas as outras são particulares.
Na praia, você pode alugar guarda-sol e cadeira, e, num dolce fair niente, se deleitar ao sabor do sol e paradisíaco mar. Um lembrete: chegue cedo, pois ali o metro quadrado de areia fina é extremamente disputado.
Nos arredores – Os jardins são outros pontos altos de Mônaco. Em 250 mil metros quadrados preservados de áreas verdes, o Principado abriga vários deles – quem nunca ouviu falar do La Roseraie Princesse Grace?
O jardim de rosas em formato de coração foi criado em 1984 a mando do príncipe Rainier para homenagear a esposa Grace Kelly. Imperdível, sim, mas não o único.
Além de todos os jardins que se espalham rochedo acima e abaixo, fora do centro da cidade, na fronteira França-Mônaco, outros dois merecem destaque: o Jardin Exotique e o Jardin Japonais.
O primeiro exibe diversas espécies de cactos e plantas suculentas em audaciosas formações rochosas, além de uma gruta pré-histórica, a Observatoire, com rochas calcárias esculpidas ao longo dos milênios. Já o japonês concentra, em sete mil metros quadrados, canteiros floridos, fontes e riachos inspirados na cultura oriental.
Céu, sol, orla, mar, bucólicas paisagens… Luxo e sofisticação. Tudo, enfim, impressiona, fascina e é mágico neste pequeno reino encantado, o país de conto de fada chamado Mônaco.