Ele não é apenas um nome poético, uma frase, ou muito menos um lugar comum. É na verdade um sentimento, uma maneira de se situar no mundo, uma forma de compreender a vida, um conceito. É o Vale Sagrado, região andina do Peru onde os incas edificaram as suas cidades e monumentos mais importantes.
Por Fabíola Musarra
A curta distância da cidade de Cuzco encontra-se um dos vales de maior riqueza paisagística e cultural do Peru. Foi formado há milhares de anos pelas correntezas do Rio Vilcanota , o mesmo que no passado era chamado de Willkañuta (casa do Sol) ou Willcamayu (rio sagrado).
A área, hoje denominada Valle Sagrado dos Incas, é um paraíso do turismo cultural que se prolonga por mais de 100 quilômetros. Seus extremos são as cidades de Pisac e Machu Picchu. A região abriga numerosos povoados e impressionantes centros administrativos que testemunham sua milenar ocupação.
O Vale fica a uma altitude média de 2.800 metros sobre o nível do mar. Tem condições climáticas excepcionais, com média anual de temperatura de 18ºC. Abraça em seu solo uma rica flora e fauna, terra fértil e inumeráveis riachos que nascem nas cordilheiras nevadas que o rodeiam e se precipitam em cachoeiras por entre os bosques nativos mais altos do mundo, a 4.200 metros de altitude.
Sobre o Vale Sagrado passa a Via Láctea, com seus milhões de estrelas e nuvens de poeira cósmica e gás. Essa imensa galáxia que nos rodeia era conhecida no mundo andino como Mayu, o rio celestial. Ela serviu aos incas não apenas como ponto de referência espiritual, mas também como eixo para a edificação de toda uma civilização.
O cronista Cristóbal de Molina descreve que todos os anos, durante o Solstício de Inverno, os sacerdotes incas realizavam uma peregrinação cerimonial em função da Via Láctea. Eles partiam de Cuzco em direção sudeste, seguindo o movimento aparente da Via Láctea.
Rumavam até um lugar hoje denominado La Raya (a atual nascente do Rio Vilcanota), onde, segundo a mitologia inca, nascia o Sol. Desse lugar regressavam a Cuzco, dirigindo-se a noroeste, mas agora seguindo a direção do rio terrestre (Vilcanota), que também flui de sudeste a noroeste.
É nessa peregrinação ritual que, segundo a metafísica inca, o rio celestial se relacionava com o rio terrestre. Para aquele povo, como para a quase totalidade dos povos animistas, tudo que fosse sagrado sobre a Terra possuía sempre um reflexo no céu.
Em função desses fatores e das crenças é que em todo o Vale Sagrado foram erguidas construções gigantescas. Essas edificações delimitavam espaços rituais nos quais tentava-se recriar as formas das principais constelações andinas (árvore, lhama, condor, perdiz e pontes, por exemplo), como se o vale e seu rio fossem reflexos, um do outro.
A arquitetura do Vale, tal qual sua simetria, parece revelar que ele tinha a função de servir de espelho da Via Láctea para os incas. Logo, o Vale Sagrado, não é apenas um nome, uma frase, ou muito menos um lugar comum, normal. É na verdade um sentimento, uma maneira de se situar no mundo, uma forma de compreender a vida, um conceito.
Pensando nesse precioso tesouro herdado pela humanidade é que a Cia. & Viagens criou um roteiro que permite percorrer antigos caminhos e entrar em contato com a cultura dos incas, um dos mais antigos e intrigantes povos que habitaram o Novo Continente.
Com saídas diárias, o roteiro de seis noites começa em Lima. Devido à quantidade de ouro e prata que seu solo abrigava, a atual capital do país, durante mais de 300 anos, foi uma das cidades mais importantes da Espanha colonial. Durante muito tempo foi a capital da América.
Em Lima, após o traslado ao hotel para hospedagem, você tem o resto do dia livre. Aproveite e vá passear pelas ruas desse mundo mágico onde você acaba de pisar.
Pela manhã, saída para conhecer os principais pontos turísticos da capital peruana. O tour começa no centro histórico, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1991. A região merece mesmo ser desvendada.
Ao percorrer suas ruas, certamente você vai notar que nessa belíssima cidade de estilo colonial praticamente inexistiam palácios reais. Em função disso, no centro histórico e em seu redor floresceram mansões onde viveram os nobres.
A região abriga ainda diversas igrejas e suas valiosas coleções de arte e museus com impressionantes acervos de objetos, peças e artefatos em ouro e prata.
Durante o passeio, você também visita a Praça Mayor, fundada em 1535 pelo espanhol Francisco Pizarro, onde se encontram o Palácio do Governo, a Prefeitura e a Catedral.
O tour inclui ainda o moderno distrito de San Isidro e o bairro de Miraflores, onde você vai poder apreciar uma deslumbrante vista do Oceano Pacífico.
No terceiro dia de viagem um voo doméstico te conduz a Cuzco. Na chegada, uma nova viagem te aguarda, desta vez rumo ao Vale Sagrado. No trajeto, visita o colorido mercado de Pisac. Distante 31 km de Cuzco, Pisac fica na entrada do Vale Sagrado.
Depois do almoço, a viagem segue para Ollantaytambo, um povoado habitado por um dos povos mais antigos do continente americano. Esse pitoresco vilarejo ainda preserva as estreitas ruas e canais que não mudaram nada desde a época inca. Chegada e visita à Fortaleza de Ollantaytambo. Regresso e acomodação em hotel no Vale Sagrado.
Pela manhã, traslado à estação ferroviária de Ollantaytambo para pegar um trem para Aguas Calientes. Chegada, recepção pelo guia local e embarque em ônibus a um dos centros energéticos mais fantásticos do mundo: Machu Picchu. No percurso, você aprende um pouco sobre a história que envolve este mítico lugar. Depois, tem a oportunidade de caminhar nesse mágico solo, explorando as ruínas ali existentes.
Almoço, traslado e acomodação em hotel. Oba! Agora, você tem o resto do dia e a manhã seguinte livres para curtir esse sagrado pedaço de terra. Você pode, por exemplo, fazer um opcional e visitar novamente Machu Picchu, desta vez para conhecer um de seus lugares mais emblemáticos, como Intipunku, também conhecida como a Porta do Sol.
Já os mais aventureiros podem escalar a Huayna Picchu (Montanha Jovem) até o Templo da Lua, de onde a vista da cidade é inesquecível. À tarde, traslado à estação ferroviária de Aguas Calientes para tomar o trem para Cuzco.
Depois de se hospedar, você tem tempo livre para curtir Cuzco, considerada como uma cidade imperial e exemplo vivo da mistura da cultura andina e espanhola.
Logo cedo, você conhece alguns sítios arqueológicos situados de Cuzco, como o sítio de Tambomachay, onde ficam os Banhos do Inca. Há ainda um stop em Puca Pucara (Fortaleza Vermelha), uma construção arqueológica militar, com grandes muros e terraços.
Por último, visita a Fortaleza de Sacsayhuaman, uma imponente mostra da arquitetura militar inca que domina a paisagem de Cuzco. Retorno ao hotel e tempo livre para fazer compras, passear e simplesmente desfrutar essa cativante cidade do jeito que desejar.
Depois de uma semana, a viagem chega ao fim. Hora de fazer o traslado ao aeroporto de Cuzco e voltar, trazendo em sua bagagem ótimas recordações, energias renovadas e muita história para compartilhar.
O roteiro não inclui as passagens aéreas internacional e doméstica, ingresso adicional ao Parque de Machu Picchu, taxas aeroportuárias, passeios e excursões opcionais, entradas aos locais de visita durante os passeios opcionais. Informações: Viagens & Cia., www.viagensecia.com.br, tel.: (11) 2941-8871.