Maior complexo de atividades de aventuras em um hotel, o Solar das Andorinhas concilia exuberante natureza, adrenalina e cultura. Memória viva do Brasil Colônia, a antiga fazenda chega aos seus 220 anos e tem ainda muita história para contar.
Se sair de férias é sempre bom, partir rumo a uma viagem pelo túnel do tempo e ainda desfrutar de atividades esportivas radicais é muito melhor. Não é ficção. Esse roteiro existe e fica bem pertinho da capital paulista: o Solar das Andorinhas. Situado no km 121 da rodovia que liga Campinas e Mogi Mirim e a apenas uma hora de São Paulo, o hotel fazenda está festejando em 2013 os seus 220 anos de existência. Com parque aquático, piscina aquecida, pesqueiro e quadras esportivas, o empreendimento de 240 mil metros quadrados é sinônimo de diversão garantida para a garotada e de sossego absoluto para os pais – ali eles contam com simpáticos monitores para entreter e cuidar de seus pimpolhos desde que o dia começa até o fim da noite. Antes de conhecer serviços oferecidos, porém, é preciso saber o que encontrará lá.
Logo na chegada é possível vislumbrar um pouco do valioso tesouro que esta típica fazenda do século 18 abriga em seu interior. Na entrada, uma tabuleta de madeira anuncia: “Este chão é abençoado, serão felizes todos os que aqui pisarem, porque o meu sinhô era bom”. A frase é assinada pela escrava Clemilda, que faleceu bem velhinha. Ama-de-leite respeitadíssima pelos demais os escravos, ela também era muito querida pelos donos da casa.Tanto é que eles lhe deram alforria, mas a negra senhora se recusou a partir.
Ali morreu e levou consigo histórias perpetuadas nos dias de um antigo calendário, da época que a fazenda colonial chegou a produzir até 6.500 sacas de café ao ano, uma façanha e tanto para aqueles duros dias em que as engenhocas e tecnologias modernas não existiam. Momentos vividos na casa grande, com seu portão de ferro que a separava da senzala e do restante da propriedade, e dos pequenos gestos de amor trocados no caramanchão do jardim, onde as jovens sinhazinhas “namoravam” vigiadas bem de perto pelos irmãos mais novos e sob o olhar severo dos pais, num tempo em que os casamentos eram quase todos arranjados.
Levou embora ainda as lembranças do cotidiano de centenas de escravos que pertenceram à casa. Companheiros de jornada que ao seu lado dividiam as árduas tarefas de manutenção da fazenda: lavrar e semear a terra, ensacar as colheitas e embarcar o café nas estações da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, cujos trilhos ainda hoje percorrem paralelos à propriedade; zelar dos animais, do curral e das estrebarias; confeccionar artesanalmente telhas e tijolos e cuidar dos afazeres domésticos, num autárquico e complexo sistema de produção sustentável, mantido com rigidez pelo senhor daquelas terras.
Clemilda morreu em 1956, mas a fazenda criada nos idos de 1793 e que originalmente foi batizada com o nome de Engenho de Duas Pontes (sim, naqueles solos também se cultivou a cana-de-açúcar) ainda guarda preservadas muitas edificações datadas dos séculos 18 e 19. Por serem testemunhas remanescentes de um Brasil Colônia e da chegada dos imigrantes italianos – os colonos que substituíram a mão-de-obra escrava na lavoura a partir do final do século 19, esses tesouros foram tombados como Patrimônio Histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), em 2004.
Muitas dessas preciosidades podem ser conhecidas em uma caminhada pelo Solar das Andorinhas. Ao longo do trajeto, cenas corriqueiras despertam de um passado nem tão distante de nosso país e vão se descortinando diante do olhar: a imponente casa grande onde atualmente ficam a recepção, uma loja, uma sala para a reserva de passeios e atividades esportivas e uma capela suas antigas imagens.
Com fachada original e grossas paredes de taipa de 80 cm de largura, os detalhes do interior do casarão denunciam o modo de vida de seus primeiros habitantes: o teto alto, os móveis e pequenos artefatos, as alas dos quartos masculinos e femininos delimitando as áreas da casa onde homens e mulheres não podiam ultrapassar e as imensas janelas feitas para iluminar os ambientes em um tempo que ainda não existiam lâmpadas – a primeira delas foi inventada por Thomas Edison em 1879, quando a ideia de energia elétrica já existia, mas ainda não era usada nas casas.
Ao lado do casarão fica a cozinha colonial, cujas paredes rústicas exibem a engenhosidade da arquitetura usada em sua construção original. Eram em seu fogão de quatro bocas enormes tipo fornalha e nas velhas vasilhas de ferro que os escravos preparavam as refeições de seus senhores. Passados tantos anos, é ali onde ainda agora os hóspedes podem tomar um cafezinho ou saborosos chás. Aqui, ali e por toda extensão do solar espalham-se séculos de história: as palmeiras bicentenárias (cada uma delas foi plantada para festejar um novo ano de colheita); as ruínas da senzala; a casa de máquinas, onde funciona um museu, cujo piso atualmente está sendo restaurado; o moinho de fubá; as casas dos colonos italianos e a Escola Ferreira Penteado, que dava instrução primária gratuita para meninos pobres. Construída pelo engenheiro-arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo a mando de Joaquim Ferreira Penteado, dono da propriedade na época, foi inaugurada em 17 de maio de 1880.
Mas há muito mais. Naquele solo brotam história e antigas histórias povoadas por risos, amores, sussurros, fugas e lágrimas. Destas últimas só é possível imaginar, mas da primeira pode-se aprender muito: o hotel fazenda oferece aos seus hóspedes uma caminhada histórica. Nela, crianças e adultos descobrem a origem de várias expressões populares brasileiras e também se interam sobre como eram fabricadas a aguardente e as telhas, além de ficarem conhecendo quais os métodos que os escravos recorriam para cicatrizar as feridas feitas pelos açoites das chibatadas.
O passeio histórico não é a única atração cultural do Solar das Andorinhas. Às sextas-feiras dos fins de semana das férias escolares e dos feriados prolongados acontece a apresentação da peça “Etnias”. De modo interativo, a trama conta como o antigo engenho de açúcar foi criado, os vários proprietários que teve e como tem sobrevivido nestes mais de dois séculos de existência.
Espetáculos à parte, o empreendimento oferece atividades para todos os gostos, algumas gratuitas, outras não. Caso do rafting pelo Rio Atibaia, do arvorismo, do paintball, da tirolesa, do passeio de balonismo e do tour de Maria Fumaça até a vizinha cidade de Jaguariúna. Antes de embarcar nessas aventuras, porém, é preciso fazer a reserva – é exigido um número mínimo de participantes, que pode maior ou menor, dependendo da opção. Depois, é só ligar a adrenalina e viajar em sua emoção.
Cultura, história, rio e lagoas, ar puro e muito verde ao redor… O hotel fazenda é tudo isso e muito mais. Só não espere encontrar por ali o luxo e a sofisticação de um cinco estrelas. Lembre-se que esta não é a proposta do Solar das Andorinhas. Seus chalés contam com estacionamento individual e estão equipados com frigobar, tevê em cores e ar condicionado. Oferecem conforto, mas são rústicos, seguindo uma filosofia que anda de mãos dadas com o modo de vida simples do dia a dia de nossas fazendas. Em outras palavras: refeições caseiras, ambiente familiar, natureza exuberante e recreação e entretenimento para todas as idades, eis ai seu ponto alto! Alguém precisa de mais?
PARA SABER MAIS
Hotel Fazenda Solar das Andorinhas – site:- www.hotelfazendasolardasandorinhas.com, tels. (19) 3257-1414 e (19)3757-2700.
* A jornalista Fabíola Musarra visitou o Solar das Andorinhas a convite da Assimptur Assessoria de Imprensa.
Muiot boa a reportagem. Fico muito feliz em fazer partedessa história e trabalhar num lugar tão rico de cultura, história e lazer…
Quem puder passar pelo menos um fim de semana vai se surpreender …
Querida amiga: fico muito feliz em ver seu blog e que você é uma daquelas jornalistas de \”raça\” que já escasseiam…Apesar dos anos e da distância, nossa amizade nao se quebrará.