Termas de Chillán

Paraíso de águas e muita sombra

Com pistas de esqui que atraem centenas de turistas nas temporadas de inverno, este resort chileno fica entre as encostas de dois vulcões: o Chillán Velho e o Jovem. Rodeado por memoráveis paisagens andinas, o complexo é ainda sinônimo de hotelaria de primeira, com fontes termais que são o charme a mais da estação

 

 Por Fabíola Musarra

Situado no coração das montanhas andinas e a 489 quilômetros ao sul de Santiago, o Ski Chillán Hotel & Spa Resort é um dos endereços mais concorridos do Chile durante o inverno, quando as suas pistas de esqui são invadidas por turistas de todas as idades, dos iniciantes aos mais experientes.

Mas, apesar de ter como ponto alto a prática dos esportes de inverno, o complexo turístico chileno não vive apenas da neve. Ao contrário, também oferece atrações imperdíveis para quem apenas deseja curtir uns dias de dolce far niente. A começar pela bucólica paisagem que abraça o lugarejo, passando pela excelente gastronomia até o ambiente aconchegante. Tudo – é claro – regado por muito ar puro.

Antes de se aventurar por terras chilenas, porém, é preciso optar por um lugar para se hospedar. Termas de Chillán, como também é conhecida a estância turística que fica entre as encostas de dois vulcões (o Chillán Velho e o Jovem), oferece opções para todos os gostos e bolsos: ali ficam o Grande Hotel (cinco-estrelas), o Hotel Pirigallo (três-estrelas), os condomínios com apartamentos para alugar e o Hotel Shangri-lá, que é uma alternativa mais econômica e ideal para os estudantes e pessoas que desejam conhecer o complexo do Cone Sul do Chile sem gastar muito. Fica a sete quilômetros das pistas, na vila Las Trancas. Há condução gratuita até o resort.

Escolha feita, hora de saber o que encontrará por lá. Nos meses de inverno, as pistas do complexo constituem-se em uma atração imperdível para os amantes do esqui e das atividades outdoor. Juntas, as 29 pistas totalizam quase 50 quilômetros de neve. Uma delas, a Três Marias, tem 11 quilômetros de extensão e é indicada para iniciantes. A mais nova é a El Golf, adequada para o nível médio. Pode-se esquiar dos 1.600 aos 2.700 metros acima do nível do mar e há nove meios de elevação para aproveitar os dez mil hectares de domínio esquiável do complexo.

Desde as primeiras horas do dia, “alpinistas” das mais variadas idades se divertem pelas encostas e cumes dessa extensa área, num incessante e multicolorido vaivém, sempre vigiados bem de pertinho pelo céu de intenso azul dos dias de frio. Com o aquecimento global, a neve nem sempre dá seus ares por aqui. E, mesmo quando isso acontece, não dura mais que poucas horas. Depois do espetáculo inesquecível que sempre é assistir aos flocos branquinhos deslizarem do céu, o sol volta a brilhar. E a vida recomeça nas montanhas andinas…

Movido a cães

A estação turística, porém, é muito mais que suas bem cuidadas pistas de esqui. Por exemplo, você já passeou de trenó puxado por cachorros? Em Chillán, isso é possível. Guiados por um piloto, cachorros da raça alaskan malamute o conduzem pelas ladeiras entre os centenários bosques nevados chilenos. Se preferir, você pode percorrer este ou outros trajetos com esquis-de-fondo. Esta modalidade é também chamada de esqui nórdico ou randonee, e consiste basicamente em caminhar com esquis especiais. O percurso é feito por trilhas sem muita inclinação e é um exercício para queimar muitas calorias.

Se o seu negócio é a velocidade, a opção é “andar” em uma moto de neve. Neste passeio, o combustível é a emoção. Mas o extremo da adrenalina mesmo está na prática do heliski: ir de helicóptero até as altas montanhas andinas e descer pelas encostas de neve virgem, escolhendo o próprio caminho. Se você não sabe esquiar, não se preocupe: aproveite a sua estadia e vá até a escola que fica no Grande Hotel. Inscreva-se e comece a aprender gratuitamente esqui ou snowboard, em aulas particulares ou coletivas.

Caso a adrenalina nas alturas não seja o seu ponto fortes, o Ski Chillán reserva outras emoções menos radicais para você. Que tal arriscar a sorte no cassino? Com 100 máquinas caça-níqueis, mesas de roleta, craps, black jack, draw poker, ponto e banca, ele também abriga um bingo com capacidade para 120 pessoas. No mesmo prédio do cassino fica a discoteca Piso III, o point de quem gosta de dançar.

Depois de uma agitada balada noturna, nada melhor para repor as energias e relaxar do que recorrer aos tratamentos do spa do complexo. Eles abrangem desde os que promovem a melhoria de doenças pela ação das águas e o alívio da tensão até os mais simples, que aliam o prazer às delicias de um reconfortante banho de água quente termal. Aqui vale um parêntese: das águas das piscinas da estância turística às que correm nas torneiras do banheiro nos quartos dos hotéis, todas têm a mesma origem: nascem nas montanhas andinas onde habita o imponente vulcão Chillán, que impera soberano naquele solo. Um luxo, não é?

Quanto aos tratamentos medicinais e estéticos, a reflexologia, a hidroterapia, o reiki, o shiatsu, a aromaterapia, a lamaterapia (à base da lama das cinzas vulcânicas) e a limpeza de pele são algumas das alternativas oferecidas. Há ainda a sauna seca e molhada e o jacuzzi com águas sulfurosas. Se a intenção é se entregar às mãos dos profissionais que ali trabalham, a dica é agendar um horário com antecedência, pois a procura por eles é grande. Também no spa ficam as piscinas. Aos pés do vulcão Chillán, proporcionam o prazer de curtir a memorável paisagem campestre e deixar-se levar nas águas termais, sempre quentinhas, com temperatura média de 37ºC.

Tentações chilenas 

Depois de tantos cuidados com o corpo, vale a pena não relaxar quanto à balança. Como a gastronomia é outra irresistível tentação do lugar, não é nada difícil ganhar uns quilinhos a mais em pouquíssimos dias. Os dois restaurantes locais, com certeza, vão contribuir e muito para isso: o Shangri-lá e o El Montañes. O primeiro conta com um variado bufê e pratos de cozinha internacional, enquanto as especialidades do segundo são o fondue e as carnes de caça. Sua carta de vinhos, com 150 tipos de diferentes cavas, é a mais completa e variada do Chile. Os preços vão dos US$ 10 do Tarapacá Ex-Zavala aos US$ 140 do Chadwick.

Independentemente do preço, os vinhos chilenos dispensam palavras. E o mesmo acontece com as delícias que integram a culinária do país. A nomenclatura de alguns pratos, contudo, pode pregar verdadeiras peças nos mais desavisados. Por isso, antes de ir para lá, é recomendável aprender um pouco sobre a comida do lugar. Na culinária chilena há peixes e frutos do mar desconhecidos para os brasileiros, ou com nomes diferentes. Albacora é merlim, almeja é um vôngole de considerável tamanho, mexilhões chamam-se choros, jibia é o polvo e calamares são lulas.

O nome de determinadas comidas também pode confundir os brasileiros, como, por exemplo, os pastéis. Eles não são aqueles conhecidos no Brasil, e sim cremes de maior consistência, como o pastel de choclo, que é milho moído e cozido, ou o pastel de jaiva, que é siri esmiuçado. Estes pastéis são servidos em cumbuca de barro, ao mais típico estilo chileno. O pastel do brasileiro é a empanada dos chilenos.

Excelentes vinhos, gastronomia de primeira, gente bonita e ambiente cheio de charme, com tratamentos e atividades de lazer para todas as idades. Em poucas palavras, Termas do Chillán é o lugar perfeito para quem curte natureza e quer descansar (ou se aventurar) no meio das montanhas andinas, se divertir, comer e beber bem e relaxar com as águas quentes e sulfurosas numa piscina coberta e descoberta ao mesmo tempo, enquanto esquece do mundo olhando a Lua e o céu repleto de estrelas.

 

NA HORA DE FAZER A MALA

Quem já pratica o esqui sabe a importância de levar uma boa roupa de neve, mas, para quem ainda é apenas promessa de esquiador, aqui vão algumas dicas importantes para o momento de fazer a mala. É bom levar em conta que tanto hotéis como condomínios têm calefação e os seus ambientes internos estão sempre quentinhos. Por isso, é bom não exagerar nas roupas pesadas.

Para dar uma ideia, nos ambientes internos é possível circular até de camiseta. No máximo, com malhas leves. Já a temperatura do quarto é graduada pelo próprio hóspede, enquanto o sistema de calefação é feito por meio de canos de ar quente no chão. Assim, é possível andar descalço sem medo de ficar gripado.

Para quem gosta de caminhar, a dica é levar botas de cano alto que tenham sola antiderrapante (melhor ainda se elas forem forradas em lã), meias grossas, calça de veludo ou lã, camisa de flanela, agasalho grosso, um casaco impermeável ou corta-vento, gorro de lã e luvas, além de uma roupa mais transada. Agora, imprescindível mesmo é incluir na bagagem os óculos escuros, a manteiga de cacau e um protetor solar. Afinal, o reflexo da neve queima mais do que o sol.

 

SERVIÇO

Localização geográfica: 489 quilômetros ao sul de Santiago

Para entrar ao Chile é necessário apresentar passaporte ou carteira de identidade.

Idioma: espanhol

Moeda: peso (um dólar hoje equivale a 530 pesos)

Fuso horário: Uma hora a menos que Brasília.

O que não perder: a noite estrelada ou enluarada tomando um banho na piscina termal.

Como chegar: a Lan Chile é a única que chega até Concepción, a duas horas e meia do complexo, cidade onde se encontra o aeroporto mais próximo. São 45 minutos de voo a partir de Santiago. Pode-se ir de trem, são seis horas até a cidade de Chillán. Quase o mesmo tempo para quem viaja de ônibus. De Chillan até as termas são 78 quilômetros.

Operadores que vendem Ski Chillán no Brasil: Landscape (11 3038 8210), Interpoint (0800 11 9875), Monreal (11 3079 9900), Maktour (11 3034 1234), Nascimento (11 3156 9944) e Turismo Andino (21 224 2044). Os pacotes incluem tíquete para os meios de elevação, translado ao aeroporto de Concepción ou Chillán e meia pensão.

 Informações: www.skichillan.cl e www.termasdechillan.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

%d blogueiros gostam disto: