João Pessoa – Paraíba

A terra do SOL NASCENTE

Com temperatura média de 28ºC e deslumbrantes praias, João Pessoa é a cidade onde o Sol nasce primeiro na América. Lá, a violência não existe. Não há congestionamentos nem ruas sujas. Sua gente é solícita e a gastronomia, maravilhosa. Com tantos atrativos, a capital da Paraíba é o cenário perfeito para viver dias de sonho

Por Fabíola Musarra/Fotos: Lamberto Scipioni – publicado em julho de 2008

Imagine uma capital do Nordeste, com praias de águas verde-esmeralda, areias branquinhas e ruas limpas. Uma metrópole litorânea que não despeja o esgoto no mar e onde a violência ainda não chegou. Pois assim é João Pessoa, a capital da Paraíba, um lugar que merece fazer parte de seu próximo roteiro turístico.

Aliás, uma das coisas que mais chamam a atenção quando se pisa em solo paraibano é a hospitalidade de seus habitantes, pessoas sempre prontas a dar dicas sobre tudo o que há de melhor em seu Estado, desde as praias até os locais históricos, passando pelos endereços de irresistíveis tentações gastronômicas, de onde comprar o artesanato típico e dos points de agito.

Também é com os olhos brilhantes e um lindo sorriso que os pessoenses são os primeiros a informar que a sua cidade é a mais verde do Brasil. No ranking mundial, com seus 29 metros quadrados de área verde por habitante, perde só para Paris, na França. Sua gente orgulha- se ainda da rígida legislação municipal que proíbe as construções da sua orla marítima de ultrapassar a altura de três andares.

Por isso tudo e por muito mais, mesmo que você esteja curtindo férias no Rio Grande do Norte, em Pernambuco ou no Ceará – Estados que, ao lado do Oceano Atlântico, fazem divisa com a Paraíba -, vale a pena dar uma esticadinha até João Pessoa.

De carro, partindo de Natal (RN) ou do Recife (PE), você rapidamente chega lá, já que as duas capitais nordestinas ficam bem perto de João Pessoa, respectivamente a 185 e 110 quilômetros. Já Fortaleza (CE) está um pouco mais longe. Fica a 688 quilômetros, 102 quilômetros a mais do que a distância entre São Paulo e Belo Horizonte (MG), de 586 quilômetros. Se você decidir fazer esses trajetos pelo ar, nem tente se acomodar melhor na poltrona para dormir: a duração do vôo é praticamente o tempo de o avião subir e aterrissar.

Chegando à capital paraibana, não é preciso dispor de muito tempo para conhecer os seus principais atrativos, embora na hora da despedida você certamente vá partir contrariado por ter de deixar tantas coisas lindas para trás. Como já disse, em poucos dias, você pode conhecer a cidade – tudo nela fica bem pertinho, no máximo a 15 minutos do Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto, que fica no município de Bayeux, a oito quilômetros do centro de João Pessoa. Para ajudar, você não tem de cheirar fumaça de óleo diesel nem enfrentar aqueles congestionamentos quilométricos tão comuns aos centros urbanos.

Não há como falar da Paraíba sem mencionar as exuberantes praias que se espalham pelo divertido recortado que o Atlântico desenha nos 130 quilômetros de orla marítima do Estado. Por mais que você imagine um cenário paradisíaco, as praias paraibanas sempre o surpreenderão. Motivo? Como um camaleão, mudam de cor. Assim, se você for a João Pessoa no verão, encontrará águas de um azul-turquesa intenso, como as que banham o Caribe. Se for no inverno, desfrutará de águas verdeesmeralda. Antes que você pergunte, a causa do fenômeno é simples: o inverno no Nordeste é caracterizado pelas chuvas. São elas que transportam os sedimentos de árvores, sobretudo as folhas, para o fundo do oceano, “tingindo- o” de diferentes tons de verde.

No alto, a Ponta do Seixas, o lugar das Américas mais perto da Europa. Na fotos abaixo, no sentido horário, a partir da esquerda, o vendedor de caju, fruto abundante na região; o Hotel Tambaú, que fica quase dentro do mar; e na orla, os prédios não podem ter mais de três andares, exceto quatro construídos antes da lei.

É claro que existem outros fatores que explicam esse fenômeno, mas acho que isso é o que menos importa quando a gente está diante de espetáculos como esses, não é mesmo? De qualquer modo, antes de ir às praias, é preciso chegar nelas. E, para isso, você terá de entender a geografia da cidade. O seu ponto de referência é a avenida Epitácio Pessoa, que divide o litoral sul do litoral norte. Cabo Branco, por exemplo, é a primeira praia do sul, enquanto Tambaú, a primeira do litoral norte.

João Pessoa possui três lindas (e limpíssimas) praias urbanas: Tambaú, Cabo Branco e Manaíra. Com charmosos barzinhos e casas noturnas, a primeira é o point para quem é boêmio e curte agitar a noite. Já Cabo Branco fica interditada para automóveis das 5 às 8 horas, horário em que sua pista de cinco quilômetros é liberada apenas para pedestres, que ali fazem suas caminhadas e exercícios matinais.

Se você quiser se orientar a partir do rio Paraíba, isso também é possível: ao sul dele ficam os municípios de Cabedelo, João Pessoa e Conde. Ao norte estão Lucena, Costinha e Baía da Traição. Se alugar um carro, deverá pegar a PB-008, que vai de João Pessoa em direção ao sul. Para ir ao litoral norte, a opção é a BR-101. Independentemente da direção, as praias são um show: possuem areias branquinhas e águas translúcidas. Algumas são de beleza tão ostensiva que chegam a hipnotizar o olhar urbano de quem está acostumado à intensa poluição visual das grandes metrópoles: exibem piscinas naturais, nas quais, entre um mergulho e outro, você assiste a um festival multicolorido de peixinhos desfilando ao seu redor.

Embora as distâncias de uma praia a outra (e mesmo entre as cidades) não sejam grandes, permitindo que, em um dia, se conheça muitas delas, saiba que você madrugará em João Pessoa, ainda que seja daquelas pessoas que adorem dormir até tarde. Como eu sei? Você está na cidade das Américas onde o sol nasce primeiro, muito antes das 5 horas. Lá também escurece mais cedo: às 16h30, 17 horas. Exagerando, no máximo, às 18 horas, dependendo do humor de nosso astro-rei. Assim, mesmo que queira, não conseguirá passar as longuíssimas manhãs ensolaradas nos braços de Morfeu.

Como isso será mesmo impossível, levante e vá conhecer outras incríveis curiosidades de João Pessoa: Cabo Branco e a Ponta do Seixas. O primeiro já foi considerado o ponto mais oriental da América, aquele que fica mais próximo da África e da Europa. No entanto, perdeu esse título devido à erosão marítima. Se você quiser ver um pessoense ficar “arretado”, experimente dizer a ele que essa posição pertence a Natal (RN). Tentando manter-se calmo, ele responderá que isso não é verdade. “Todos os atlas e livros de geografia do mundo mencionam que o ponto brasileiro mais perto do leste é a Ponta do Seixas”, argumentará, colocando um ponto final no assunto.

Situada a uns quatro quilômetros mais ao sul da praia de Cabo Branco, essa praia paraibana é mesmo a detentora do título. Agora que você já sabe disso, dá para entender o porquê de o sol se levantar mais cedo em João Pessoa. Afinal, é a cidade que fica mais próxima do Leste, onde o astro-rei nasce. De qualquer modo, vale a pena subir até o mirante do Farol do Cabo Branco, que fica no alto de uma falésia, para ver a Ponta do Seixas. Já que você está aí, aprecie também o farol, com seus imponentes 40 metros de altura em relação ao nível do mar. Construído em 1972, foi inspirado em um sisal, cujas fibras já foram a principal fonte econômica do Estado, ao lado do algodão e da cana-de-açúcar.

Seguindo em direção ao sul, você chega à Barra de Gramame. Na divisa entre João Pessoa e Conde, a praia abriga o rio Gramame à esquerda e as águas cristalinas do mar, à direita. No bar do Zé, se tiver coragem, você pode segurar nas mãos o caranguejo Robocop, além de outros crustáceos do mesmo gênero que foram domesticados pelo dono. A próxima praia é Tambaba, a única de nudismo do Nordeste. Se não é adepto da prática e prefere outro tipo de emoção, siga em frente até a praia de Coqueirinho, em Conde, a 41 quilômetros de João Pessoa. Nela, aproveite o cenário repleto de falésias e faça um passeio radical de bugue pelas dunas.

Com quase 700 mil habitantes, João Pessoa foi fundada em 1585. Se você deseja conhecer melhor a história da terceira cidade mais antiga do Brasil, vá passear pela ruas do centro histórico. Recém-restaurado, ele preserva intactos sobrados e construções coloniais.

Por fim, não vá embora de João Pessoa sem assistir ao imperdível pôr-dosol às margens do rio Paraíba, em Cabedelo, a 12 quilômetros da capital. Na praia fluvial do Jacaré, o sol anuncia o término de mais um dia ao som do Bolero de Ravel. Desde 1997, quando o músico André Correia começou a executar a composição em seu violino, o espetáculo se repete todos os dias ao entardecer. Em 2000, Jurandy do Sax fez a releitura da peça para o saxofone.

Hoje, três saxofonistas se revezam na execução da melodia, em um pequeno barco que percorre os restaurantes à beira do rio. Enquanto isso, o astro-rei vai se escondendo atrás da mata e se despede de você. Antes de partir, lhe dá de presente este pôr-do-sol que é um dos mais inesquecíveis cartões-postais da terra do sol nascente.

Divulgação
No sentido horário, a partir do alto: vista noturna da praia de Cabo Branco; a Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo; detalhe da Igreja Nossa Senhora da Guia, em Lucena; e o peixe à moda do restaurante Mangai, em João Pessoa, cidade que concilia a arte de comer bem com preços muito atraentes.

 

Muita história pra contarO centro de João Pessoa e suas imediações têm muitas histórias para contar. Num único dia, dá para conhecer várias delas.

Igreja de Nossa Senhora das Neves – Erguida na segunda metade do século 19, fica onde funcionava a primeira capela de taipa da cidade, em 1585. Em seu altar há a imagem de Nossa Senhora das Neves, a padroeira da cidade. Praça Dom Ulrico, centro.

Casa da Pólvora – A edificação de 1704 hoje é sede do Museu Walfredo Rodrigues. Ladeira de São Francisco, centro.

Conjunto de São Francisco – É um dos mais importantes complexos barrocos do País. O convento da Igreja de São Francisco começou a ser edificado em 1590. Em seu interior também funciona o Museu de Cultura Popular, com exposições permanentes de arte. Praça São Francisco, centro.

Hotel Globo – Construído em 1928, hospedou centenas de personagens ilustres. Em 1935, com a inauguração do Porto de Cabedelo, foi sendo desativado, o que ocasionou a decadência da área e do hotel. Em 1994, foi restaurado e agora é sede de órgãos públicos. Praça de São Pedro Gonçalves, centro.

Casa do Artista Popular – Instalada num bonito casarão do início do século 20, tem um acervo com mais de mil objetos representativos do artesanato da Paraíba. Praça da Independência, 56, centro.

Parque Arruda Câmara – Fica no bairro do Roger, bem pertinho do centro. Mais conhecido como Bica, o parque é um misto de zoológico e jardim botânico.

Teatro Santa Rosa – Construído em 1886, é um dos mais antigos teatros brasileiros. Praça Pedro Américo, centro.

SERVIÇO
Onde ficar:

Tropical Tambaú – Av. Almirante Tamandaré, 229, Tambaú, tel. (83) 2107-1900.
Hardman Praia Hotel – Av. João Maurício, 1.341, Manaíra, tel. (83) 3216-8811.
Pousada Aruanã – Av. Beira-Mar, 2.006, praia de Carapibus, Conde, tel. (83) 3290-1234.

Onde comer:

Restaurante Terraço Brasil – Av. Cabo Branco, 1.870, Cabo Branco, tel. (83) 3247-4041.

Tábua de Carne Restaurante – Av. Rui Carneiro, 648, Tambaú, tel. (83) 3247-151.

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